Um dia depois das críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à gestão de Fernando Henrique Cardoso na área econômica e aos opositores que, segundo ele, criticaram a criação do Bolsa-Família, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disparou contra o líder petista. “O presidente Lula tem de parar de brigar com a história. Não houvesse o governo do presidente Fernando Henrique, com a estabilidade econômica e a modernização da economia, não teria sequer havido o governo do presidente Lula (...). É uma bobagem. Ele esqueceu o que veio antes dele”, afirmou o senador ontem, ao chegar a um encontro com tucanos do Distrito Federal. Após evento em comemoração aos 10 anos do Bolsa-Família, na quarta, em Brasília, Lula disse a jornalistas que tinha herdado de Fernando Henrique um país muito “inseguro” e sem nenhuma estabilidade na área econômica.
Pré-candidato à disputa de 2014, Aécio foi saudado como o futuro presidente do país pela militância brasiliense, que o aguardava em um salão de eventos na Asa Sul. O senador mineiro disse que as últimas manifestações do ex-presidente do PT são de uma pessoa que não está serena e confiante. “Eu acho que, mesmo sem querer, o Lula vai criando uma sombra sobre ela (Dilma). O que eu vejo hoje é o PT muito aflito, ansioso, duvidando das condições da presidente da República, que acho que não são boas. Alguém para disputar a eleição deveria estar uma condição muito melhor do que ela está”, avaliou.
O senador tucano acredita que Lula teve duas grandes virtudes durante o seu mandato entre 2003 e 2010: dar sequência e ampliar os programas sociais do governo FHC e manter a política macroeconômica desenvolvida durante a gestão tucana, “contrariando todo o discurso da sua campanha”. Ele ainda voltou a bater na tecla econômica da gestão Dilma Rousseff. “Nosso crescimento é pífio, a inflação é perigosa, o crescimento da dívida pública é preocupante, o saldo da balança comercial provavelmente vai ser zero este ano e a perda de credibilidade do Brasil é fato que existe hoje”, resumiu.
No discurso à militância, Aécio disse que está na hora de “encerrar este ciclo do PT, que tão mal está fazendo ao Brasil”. “O país precisa de um novo ciclo, em que ética e eficiência caminhem quase como siamesas. Cada vez que caminho pelo país, reforço a minha convicção”, comentou.
O encontro do PSDB de Brasília, realizado um dia após as comemorações pelo governo federal dos 10 anos de criação do Programa Bolsa-Família, ainda contou com a participação de dois possíveis candidatos do partido ao governo do DF: os deputados federais Luiz Pitiman e Izalci Lucas. O governador de Goiás, Marconi Perillo, também discursou e declarou apoio a uma possível candidatura presidencial de Aécio Neves.
AUTONOMIA DO BC
Em meio à pressão do governo contra a aprovação do projeto que concede autonomia operacional ao Banco Central, Aécio Neves disse que a votação da proposta não é necessária para garantir independência ao órgão. O tucano considera que há ingerência do governo no banco em “momentos de aflição”, mas que sua autonomia não precisa necessariamente ser estabelecida em lei. Aécio também é contrário ao mandato de seis anos para os diretores do órgão, como previsto no relatório do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) na proposta que tramita no Senado. “O mandato de seis anos é um mandato longo, excessivamente longo para um presidente do Banco Central. Até porque seria maior do que do próprio presidente da República.” (Com agências)