Jornal Estado de Minas

Aécio afirma que Lula briga com a história

Em evento do PSDB em Brasília, presidenciável tucano rebate críticas do ex-presidente ao governo Fernando Henrique e afirma que ele cria uma sombra sobre Dilma Rousseff

Leandro Kleber

"O país precisa de um novo ciclo, em que ética e eficiência caminhem quase como siamesas. Cada vez que caminho pelo país, reforço a minha convicção" - Aécio Neves (PSDB-MG), senador e pré-candidato à Presidência da República - Foto: Iano Andrade/CB/D.A Press

 Um dia depois das críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à gestão de Fernando Henrique Cardoso na área econômica e aos opositores que, segundo ele, criticaram a criação do Bolsa-Família, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disparou contra o líder petista. “O presidente Lula tem de parar de brigar com a história. Não houvesse o governo do presidente Fernando Henrique, com a estabilidade econômica e a modernização da economia, não teria sequer havido o governo do presidente Lula (...). É uma bobagem. Ele esqueceu o que veio antes dele”, afirmou o senador ontem, ao chegar a um encontro com tucanos do Distrito Federal. Após evento em comemoração aos 10 anos do Bolsa-Família, na quarta, em Brasília, Lula disse a jornalistas que tinha herdado de Fernando Henrique um país muito “inseguro” e sem nenhuma estabilidade na área econômica.

Pré-candidato à disputa de 2014, Aécio foi saudado como o futuro presidente do país pela militância brasiliense, que o aguardava em um salão de eventos na Asa Sul. O senador mineiro disse que as últimas manifestações do ex-presidente do PT são de uma pessoa que não está serena e confiante. “Eu acho que, mesmo sem querer, o Lula vai criando uma sombra sobre ela (Dilma). O que eu vejo hoje é o PT muito aflito, ansioso, duvidando das condições da presidente da República, que acho que não são boas. Alguém para disputar a eleição deveria estar uma condição muito melhor do que ela está”, avaliou.

Para Aécio, a presidente Dilma transformou ato de campanha o evento dos 10 anos do Bolsa-Família. “A presidente não tem uma agenda de presidente, tem uma agenda de candidata. Os brasileiros pagaram, porque foi feito com dinheiro público, um ato de campanha eleitoral. Nada havia ali de governo, mas do custo do governo”, afirmou.

O senador tucano acredita que Lula teve duas grandes virtudes durante o seu mandato entre 2003 e 2010: dar sequência e ampliar os programas sociais do governo FHC e manter a política macroeconômica desenvolvida durante a gestão tucana, “contrariando todo o discurso da sua campanha”. Ele ainda voltou a bater na tecla econômica da gestão Dilma Rousseff. “Nosso crescimento é pífio, a inflação é perigosa, o crescimento da dívida pública é preocupante, o saldo da balança comercial provavelmente vai ser zero este ano e a perda de credibilidade do Brasil é fato que existe hoje”, resumiu.

No discurso à militância, Aécio disse que está na hora de “encerrar este ciclo do PT, que tão mal está fazendo ao Brasil”. “O país precisa de um novo ciclo, em que ética e eficiência caminhem quase como siamesas. Cada vez que caminho pelo país, reforço a minha convicção”, comentou.

O encontro do PSDB de Brasília, realizado um dia após as comemorações pelo governo federal dos 10 anos de criação do Programa Bolsa-Família, ainda contou com a participação de dois possíveis candidatos do partido ao governo do DF: os deputados federais Luiz Pitiman e Izalci Lucas. O governador de Goiás, Marconi Perillo, também discursou e declarou apoio a uma possível candidatura presidencial de Aécio Neves.

AUTONOMIA DO BC

Em meio à pressão do governo contra a aprovação do projeto que concede autonomia operacional ao Banco Central, Aécio Neves disse que a votação da proposta não é necessária para garantir independência ao órgão. O tucano considera que há ingerência do governo no banco em “momentos de aflição”, mas que sua autonomia não precisa necessariamente ser estabelecida em lei. Aécio também é contrário ao mandato de seis anos para os diretores do órgão, como previsto no relatório do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) na proposta que tramita no Senado. “O mandato de seis anos é um mandato longo, excessivamente longo para um presidente do Banco Central. Até porque seria maior do que do próprio presidente da República.” (Com agências)