Brasília - O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) orientou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire, seu antigo aliado, a se aproximar do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Segundo integrantes do PSDB e do PPS, Serra se reuniu na semana passada com Freire em São Paulo, quando o incentivou a “seguir em frente” nas negociações com Campos, provável candidato à Presidência da República na eleição de 2014.
Serra ainda nutre expectativa de conseguir se candidatar ao Planalto no ano que vem. Para isso, tenta enfraquecer o polo político do senador mineiro Aécio Neves, seu correligionário e adversário interno. Aécio, hoje, tem apoio de praticamente todo o tucanato para se lançar à Presidência no ano que vem.Oficialmente, Serra e Aécio dizem que a escolha do candidato do PSDB ao Planalto ocorrerá só em março. Indagado sobre sua ajuda na aproximação do PPS com o PSB, Serra afirmou se tratar de “pura intriga”.
Viagens
O ex-governador paulista tem viajado pelo Brasil e agido como se estivesse em campanha. Alguns aecistas veem com ressalvas a atitude de Serra e falam até na possibilidade de o senador antecipar o lançamento oficial de sua candidatura. Aécio, porém, reluta em fazer isso, lembrando que ao fechar o trato com Serra sobre a decisão, em março, o fez na condição de presidente do partido.
Da parte do PPS, a decisão sobre quem o partido vai apoiar só será tomada no congresso da sigla, marcado para ocorrer entre os dias 6 e 8 de dezembro.“Vamos tomar uma decisão nesse congresso sobre quem vamos apoiar ou se vamos ter candidatura própria”, disse Freire.
Há três correntes no partido. A liderada por Freire é majoritária: defende a aliança com Campos. Outra, que tem à frente os diretórios regionais de Minas Gerais e São Paulo, quer se coligar com Aécio; uma terceira, integrada pelo líder do partido, Rubens Bueno (PR), e pelo ex-deputado Raul Jungmann (PE), defende candidatura própria, com Soninha Francine.
O PPS tem um minuto e dez segundos de tempo de propaganda de TV - o Tribunal Superior Eleitoral ainda fará alguns ajustes, dependendo das coligações. Como Campos precisa do máximo de partidos para integrar sua coligação, e o tempo do PSB deverá ser de cerca de três minutos, a coligação com o partido de Freire é prioritária.
Por ter se originado do velho Partido Comunista Brasileiro (PCB), o PPS tem relativa influência em sindicatos e em movimentos populares, mas afastou-se do movimento estudantil e deu espaço para o PC do B nesse meio, porque se alinhou mais ao centro. No congresso que fará em dezembro, deverá mudar para posições mais à esquerda, na tentativa de recuperar espaço. O partido apoiou Lula em 2002, mas deixou o governo em 2004. Desde então, apoiou o PSDB nas disputas presidenciais.