Jornal Estado de Minas

Construções do Minha Casa, Minha Vida vão ser vistoriadas em Uberlândia

Engenheiros da Caixa já analisam os problemas do Conjunto habitacional Shopping Park, em Uberlândia, erguido com recursos do Minha casa, minha vida. Construtoras podem ser punidas

Alessandra Mello
Casas do Shopping Park: unidade móvel da Caixa vai circular pelo conjunto para ouvir as queixas dos moradores - Foto: Cleiton Borges/EM/D.A PRESS
A Caixa Econômica Federal (CEF) enviou ontem para Uberlândia engenheiros do seu setor de habitação para vistoriar as casas do conjunto habitacional Shopping Park, empreendimento de R$ 144 milhões, financiado pela instituição com recursos do programa Minha casa, minha vida. Reportagem do Estado de Minas revelou ontem diversos problemas no conjunto, que abriga  3.632 famílias de baixa renda, como paredes incompletas, casas sem laje e com piso de cimento, quintal com terreno desnivelado e sem muro de arrimo e instalações elétricas com material de baixa qualidade. Quatro casas do conjunto já pegaram fogo e os relatos de pequenos incêndios na parte elétrica das residências são frequentes entre os moradores. O Corpo de Bombeiros investiga os motivos dos incêndios, mas o laudo ainda não foi concluído. Algumas casas também foram entregues faltando portas, vaso e outros equipamentos.
O vice-presidente do setor de Habitação do banco, José Urbano Duarte, disse que a Caixa também notificou ontem todas as construtoras responsáveis pela obra – Marca Registrada, El Global, Emcasa e Castroviejo – para que recebam as reclamações dos moradores com respeito. Segundo relato dos moradores, funcionários das empresas estariam humilhando os moradores do conjunto alegando que as prestações das casas são muito baixas e por isso eles não teriam direito a fazer exigências e reclamações. “Se for comprovado esse procedimento das empresas, elas podem ser impedidas de fechar novos contratos com a Caixa para a construção de moradias. Não aceitamos nenhum tipo de atendimento discriminatório”, afirmou. As casas são financiadas pelo prazo de 10 anos, com prestações que variam de R$ 30 a R$ 160 por mês.

O dirigente informou ainda que a partir de segunda-feira uma unidade móvel da Caixa vai percorrer as ruas do conjunto para receber queixas sobre problemas nas casas, orientar a população sobre formas alternativas de pagamento das prestações – muitos moradores reclamam da não entrega pelos Correios dos boletos com as prestações – e também para prestar informações sobre deveres e direitos dos mutuários. “Somos radicais com as construtoras, principalmente com as que fazem casas para população de baixa renda. Ou elas arrumam os problemas ou estão fora de novos empreendimentos.” Segundo ele, 360 empresas já entraram no cadastro restritivo do banco por causa de irregularidades nas obras do Minha casa, minha vida. Ele disse que todas as casas receberam o habite-se da prefeitura e foram construídas seguindo os padrões técnicos em vigor. Sobre as casas sem portas e outros equipamentos, Duarte informou que algumas foram alvo de invasão antes da entrega e acabaram depredadas, mas que na segunda-feira começa a restauração de todas as unidades que ainda não foram reparadas.