A Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético foi lançada na tarde desta terça-feira, 05, na Câmara dos Deputados, com a participação de lideranças das entidades do setor produtivo, usineiros, secretários de Estado, deputados, senadores, prefeitos e vereadores de todo o País. A frente conta com o apoio de cerca de 300 parlamentares e será presidida pelo deputado federal Arnaldo Jardim (PPS/SP). O deputado Renan Filho (PMDB/AL) foi escolhido secretário-geral do colegiado.
Durante o evento, Arnaldo Jardim afirmou que a frente é uma iniciativa suprapartidária, "cujo objetivo é tirar o setor sucroenergético da paralisia em que se encontra". Ele afirmou que principal problema do setor é a falta de definição de políticas governamentais para colocar o etanol como uma matriz energética economicamente viável no País e que possibilitem a exportação dessa commodity. "É preciso definir regras claras e políticas públicas - especialmente tributárias - que reconheçam os benefícios ambientais e sociais do etanol e da bioeletricidade", defendeu o deputado.
Ao comentar a crise do setor sucroenergético, que provocou o fechamento de várias usinas, Arnaldo Jardim afirmou que o problema foi ocasionado pela "leniência governamental nos últimos dez anos, que não traçou uma estratégia para o etanol". Na opinião do parlamentar, falta incentivos para que o produto seja competitivo no mercado interno e externo, e a reformulação de uma política de precificação dos combustíveis. "Não é mais possível conviver com a falta de investimentos. Resgatar o etanol é apostar na sustentabilidade ambiental", disse ele.
Na opinião da presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, das principais tarefas da frente será mostrar que, apesar de diretamente prejudicada pela ausência de políticas públicas adequadas e por interferências no mercado de combustíveis que distorcem os preços e prejudicam a competitividade do etanol, "a cadeia produtiva da cana-de-açúcar vem fazendo sua parte, investindo pesadamente para ganhar eficiência e produtividade, a ponto de atingir uma safra recorde este ano".
Segundo Farina, é importante que a sociedade saiba que mesmo com resultados negativos nos últimos anos e às custas de um endividamento crescente e perigoso para o setor, as empresas têm investido fortemente em tecnologia para melhorar seu desempenho, aumentar a produção e melhorar a sustentabilidade. Infelizmente, os bons resultados do lado da produção não estão se traduzindo em retorno financeiro. "O preço médio nominal pago pelo etanol na usina é decrescente nos últimos três anos, enquanto os custos estruturais e conjunturais da produção tem crescido sem trégua," disse ela.
Farina elogiou a abertura que vem sendo demonstrada por diversas áreas do governo no sentido de aprofundar a abordagem de temas de importância chave para o setor sucroenergético. "Os canais de comunicação estão abertos e a troca de informações tem sido extremamente produtiva e positiva. Todos hoje conhecem em detalhes as informações essenciais para a tomada de decisões. É hora de avançar para viabilizar a retomada do crescimento do setor sucroenergético, e a Frente Parlamentar lançada hoje terá um papel decisivo nesse processo," concluiu.
A Unica lembra que a frente lançada nesta terça em Brasília é a terceira criada nas últimas semanas em apoio ao setor sucroenergético. A primeira, lançada no dia 3 de outubro na Assembleia Legislativa de São Paulo, foi a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético, liderada pelos deputados estaduais Roberto Morais (PPS) e Welson Gasparini (PSDB). No dia 23 de outubro, foi lançada também na assembleia paulista a Frente Parlamentar em Defesa dos Municípios Canavieiros, coordenada pela deputada estadual Beth Sahão (PT).