Todos os servidores da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) – do prefeito Marcio Lacerda aos que têm contratos temporários – terão que entregar uma declaração anual de bens e valores ao Executivo municipal. O objetivo, segundo a secretária de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas, Maria Fernanda de Morais, é monitorar a evolução patrimonial dos servidores e impedir desvios de verba e recebimento de propina. O Decreto 15.367 foi publicado ontem no Diário Oficial do Município (DOM) e entra em vigor em 1º de abril do ano que vem.
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Em BH, a declaração de bens e valores deverá ser apresentada anualmente, em abril e maio. A Empresa de Informática e Informação de Belo Horizonte (Prodabel) vai desenvolver um sistema capaz de processar as informações recebidas dos funcionários. Não se trata da declaração de Imposto de Renda, entregue anualmente à Receita Federal, mas uma listagem dos bens e valores que o funcionário tem quando ingressa na carreira municipal e a sua evolução.
Acesso
O decreto determina que, se o funcionário sair da PBH, deverá entregar a atualização da declaração junto com o pedido de exoneração. Se o documento não for apresentado na data prevista ou se as informações forem falsas, será considerado “descumprimento do dever funcional”. O acesso aos dados dos servidores poderá ser feito por requisição de alguma autoridade judiciária, do Ministério Público e servidores da Secretaria Especial de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas.
Essa é a primeira ação de impacto da secretaria criada em março. De acordo com Maria Fernanda, serão distribuídas cartilhas e feitos seminários para tentar coibir esquemas de corrupção. “Trabalhamos de forma preventiva, para deixar claro que corrupção, assim como qualquer outro crime, não compensa. Mas existem também linhas de pesquisa para averiguar se há indícios de enriquecimento ilícito”, afirmou a secretária.