Brasília – A Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que tem por dever punir desvios de conduta do alto escalão do governo federal, ainda não se posicionou sobre a utilização pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, do único helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Santa Catarina, usado prioritariamente para resgate de vítimas de acidentes em estado grave. Na segunda-feira, o colegiado se reúne, mas não há garantia de que o caso será analisado. Investigação do Ministério Público Federal em Joinville em andamento apontou 52 acidentes com 73 feridos e dois mortos nas rodovias de Santa Catarina em pelo menos três dias em que Ideli, pré-candidata do PT ao Senado, utilizou a aeronave para visitar suas bases eleitorais.
O Estado de Minas tentou entrar em contato com o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, mas não obteve retorno. A pauta do colegiado, que se reúne na segunda-feira, é fechada.
Na tarde de ontem, parlamentares da oposição voltaram a cobrar explicações da ministra e um posicionamento da comissão em relação à utilização do helicóptero. “Até agora, o que presenciamos foi um silêncio absoluto. O que fica claro é que o governo mistura o público e o privado. A ministra está em plena campanha eleitoral. E, para isso, usa o helicóptero que deveria resgatar vítimas”, disse o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), líder da legenda na Câmara.
A Secretaria de Relações Institucionais, por meio da assessoria de imprensa, disse que não se pronunciaria, uma vez que a investigação está em andamento. A Polícia Rodoviária Federal comunicou que só pode se posicionar quando tiver acesso a todos os dados do inquérito civil público.
O procurador Mário Sérgio Barbosa declarou que, agora, é o momento de detalhar todos os acidentes ocorridos para verificar se em algum deles havia a necessidade de acionamento da aeronave conveniada ao Samu em Santa Catarina.