Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interveio na crise entre o PT e o PMDB do Espírito Santo e abriu um novo palanque para a candidatura de Dilma Rousseff no único Estado do Sudeste onde a presidente ainda tinha dificuldades para fazer campanha para a reeleição.
Dilma passa, assim, a ser a única candidata entre os três mais competitivos que já tem palanque em todo o Sudeste, região com mais de 61 milhões de eleitores (cerca de 43,5% do País). O tucano Aécio Neves ainda tenta resolver o problema de São Paulo, que tem 32 milhões de eleitores, recorrendo a uma chapa puro-sangue, com o senador Aloysio Nunes Ferreira na vice. Se tiver êxito, Aécio calcula que poderá obter 2 milhões de votos à frente de Dilma em São Paulo. Ele luta ainda para convencer o técnico de vôlei Bernardinho a se candidatar ao governo do Rio de Janeiro, o que lhe garantiria palanque no terceiro maior colégio eleitoral do País, onde o PSDB é fraco.
Já a dupla Eduardo Campos/Marina Silva, do PSB, ainda não definiu seus palanques nos grandes colégios eleitorais da Região Sudeste - o partido tem problemas tanto em São Paulo como no Rio e em Minas . No Espírito Santo, onde tem o governador, vai enfrentar a força de Lula. Na reunião com a cúpula petista capixaba, Lula obrigou o PT a retirar o veto à candidatura do peemedebista Ricardo Ferraço.
Os participantes, como o presidente da legenda local, José Dudé e a senadora Ana Rita, argumentaram que Ferraço não conseguirá derrotar Renato Casagrande, do PSB. Só Paulo Hartung teria essa força. Mas Lula reagiu. Disse que se PT e PMDB ficarem unidos, o candidato pode ser qualquer um dos dois. No mesmo momento em que Lula se reunia com os petistas, Dilma recebia Ferraço e Hartung no Palácio do Planalto e anunciava o interesse na aliança. Foi um duro golpe no PSB de Eduardo Campos e Marina Silva.
O ataque do PT a Casagrande, aliado de Campos, teve início em outubro. Dilma cancelou visita que faria a Vitória no dia 18, quando anunciaria uma vários investimentos, um deles a reforma do aeroporto da capital. O PSB avalia, nos bastidores, que Dilma cancelou a visita ao Espírito Santo - onde nunca pôs os pés depois que se tornou presidente - para não deixar o pacote de obras nas mãos do rival Casagrande.
Ao mesmo tempo em que sofre ataques num Estado que o PSB governa, Campos prepara um contra-ataque ao PT na Bahia. Ele e Marina vão a Salvador em dezembro para lançar a senadora Lídice da Mata (PSB) ao governo baiano, estabelecendo sua segunda fortaleza no Nordeste, além de Pernambuco. No ato, o PSB oficializará o rompimento com o PT estadual.
Quarto maior colégio eleitoral do País, com 10,1 milhões de eleitores, a Bahia está se tornando laboratório para todos os presidenciáveis. O PT rachou: a ala do governador apoia Rui Costa, secretário de Governo, rejeitado pelos comandados do senador Walter Pinheiro (PT). PSDB, DEM e PV estão unidos mas não definiram candidato.