Em um clima nada amistoso, com brigas e contestações do processo de eleições diretas (PED), os petistas de Minas Gerais votam hoje para escolher quem vai presidir o partido a partir do ano que vem nos âmbitos federal, estadual e municipal. Em todo o país, são cerca de 806 mil petistas esperados para decidir quem irá comandar os diretórios no ano em que o partido tenta, nacionalmente, reeleger a presidente Dilma Rousseff, e fortalecer a sua participação nos estados. O segundo turno da disputa, onde houver, será no dia 24.
Para o PT de Minas Gerais, que terá a prerrogativa de definir a participação do partido na disputa pela sucessão do governo mineiro, a escolha está polarizada entre o deputado federal Odair Cunha e a secretária de Finanças do PT, Gleide Andrade. A véspera, não diferente do que ocorreu em outros anos, foi marcada por tensão, tentativas de acordos e reuniões.
Na sexta-feira, houve uma confusão na sede estadual do PT por causa da escolha dos fiscais de votação dos candidatos. A lista de Odair foi confrontada, sob suspeita de que haveria não filiados no meio, o que não é permitido. Outro problema foi no PED de Montes Claros, região em que Gleide teria favoritismo. Lá, por causa de indícios de irregularidades, a Executiva Estadual do PT decidiu que só 1,3 mil filiados estariam aptos a votar. Os cadastros de outros 1.995 foram considerados inválidos e, caso participem, o processo será anulado na cidade.
Segundo o vereador, a disputa se tornou um processo negativo para o PT. “O Miguel tem mais recursos e, evidentemente, as denúncias são maiores contra ele, mas ninguém é santo nesta história”, afirmou Godoy. Em nota, Godoy e Pedro Patrus informaram a retirada do processo depois de “reflexões intensas, para não legitimar práticas que ferem a dignidade” do PT. “Tornaram-se comuns filiações em massa, a utilização de telemarketing no processo eleitoral, o pagamento para que filiados compareçam à votação, o uso indiscriminado de carros para carregar os filiados, a presença de falecidos nas listas de votação, entre tantas outras ações, todas elas proibidas pelas normas internas do partido”, argumentam.
No caso do PT nacional, espera-se que o presidente Rui Falcão seja reeleito com folga na disputa. Ele concorre com cinco outros candidatos, mas é apontado com 70% das intenções de voto entre os petistas nas pesquisas. Falcão também tem o apoio irrestrito da presidente Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele está à frente do PT nacional desde 2009, quando o então presidente, José Eduardo Dutra, se afastou por problemas de saúde. Falcão tem conseguido abafar correntes internas dissidentes que se rebelam contra a gestão de Dilma.
O processo de eleição terá um toque de participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que gravou mensagem na quarta-feira, deixando clara a missão dos dirigentes que forem eleitos para comandar o partido em 2014. Lula fez um chamamento aos filiados para comparecerem às urnas.
A votação será das 9h às 18h em cédulas de papel. Em Minas Gerais, o primeiro resultado parcial será divulgado às 22h e a apuração vai até a madrugada de amanhã. O resultado final, tanto no estado como nacionalmente, deve sair na tarde desta segunda-feira. Dilma deve votar na manhã de hoje na sede nacional do partido, apesar de ser registrada no diretório do Rio Grande do Sul. Lula vota em São Bernardo do Campo junto com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que é pré-candidato ao governo de São Paulo. (Com Agências).