O PMDB de Minas Gerais pode até aderir à candidatura petista ao governo de Minas Gerais, mas não vai ser tão fácil assim. Um dia depois de o ex-ministro Luiz Dulci cobrar dos peemedebistas a reciprocidade no apoio, já que na última eleição estadual eles foram apoiados pelos petistas, dirigentes do PMDB mineiro reafirmaram a intenção de lançar o senador Clésio Andrade para concorrer ao Palácio da Liberdade. Para o presidente do partido, deputado federal Saraiva Felipe, o PMDB já pagou a fatura ao aderir à candidatura do ex-ministro Patrus Ananias a prefeito de Belo Horizonte no ano passado.

Saraiva disse considerar “lisonjeira” a expectativa de Dulci, mas entende que o lançamento de candidato próprio é essencial para o projeto de reorganização do PMDB no estado. “Estamos fazendo encontros nos municípios e essa tese vem prevalecendo”, afirmou. Durante votação para escolher o novo presidente do PT, Dulci disse que grandes partidos, como o PMDB, sempre consideram lançar candidato próprio, mas que o caminho da legenda deve ser apoiar a candidatura do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, “já que em ocasiões anteriores o PT apoiou candidatos do PMDB a governador”.

Segundo Saraiva, o partido não pode frustrar a expectativa das bases, que têm demonstrado entusiasmo pela candidatura ao governo, e se o PT apoiou o PMDB (na candidatura derrotada do ex-ministro Hélio Costa ao governo em 2010), o contrário também já ocorreu, em 2012. “Em BH apoiamos com firmeza Patrus e oferecemos um vice na última eleição municipal. Então, esse diálogo entre PT e PMDB tem ocorrido ao longo das últimas eleições, mas também temos setores do partido com um bom diálogo com o governo do estado. Neste momento temos buscado ser a alternativa de uma terceira via entre essa polarização entre PT e PSDB”, disse.

Clésio considera praticamente impossível o partido abrir mão de se lançar. “O PMDB tem hoje um pré-candidato, que sou eu, e é o que temos ouvido das bases. Essa questão de comentar sobre outro partido eu não acho que deva ser considerada, vejo mais como uma opinião pessoal”, afirmou sobre a declaração de Dulci. O senador também não considera que haja retribuição a ser dada. “Cada eleição é uma.” Já em um eventual segundo turno, Clésio acredita que PMDB e PT estarão juntos. “Eu espero ter o PT me apoiando”, afirmou.

O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, se mostrou mais aberto a um diálogo mais imediato com o PT. “Temos hoje uma candidatura colocada, mas o PT e o PMDB estão juntos no governo federal e na oposição na Assembleia. No momento correto vamos nos sentar e conversar para analisar o que é mais interessante, se é estarmos juntos no primeiro ou no segundo turno”, disse.

Odair na frente

O deputado federal Odair Cunha largou na frente na disputa para comandar a Presidência do PT de Minas. O resultado final só deve ser conhecido hoje. Até a sétima parcial, divulgada ontem à noite, Odair tinha 62,13% dos 33.604 votos válidos apurados. A secretária de Finanças do PT, Gleide Andrade, tinha 29,07%. Na disputa pela presidência nacional da legenda, Rui Falcão liderava com 70,05% dos votos apurados em todo o país, contra 18,87% do deputado federal Paulo Teixeira (SP).