Jornal Estado de Minas

Ataque tucano no campo adversário

Em visita ao RS, Aécio critica políticas econômica e social do governo Dilma

Felipe Canêdo

Aécio fez palestra na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) - Foto: George Gianni /PSDB

O senador Aécio Neves (PSDB) criticou o governo federal ontem, em visita a Porto Alegre (RS), terra em que a presidente Dilma Rousseff (PT) começou sua carreira política, comparando-o a um “software pirata”, que deveria ser trocado pelo “software original” do PSDB. No estado governado pelo PT, o senador afirmou que os petistas acertaram quando mantiveram o tripé macroeconômico do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário; quando ampliaram os programas de transferência de renda iniciados no governo do PSDB e quando “mesmo que de forma atabalhoada, envergonhada e às pressas” curvaram-se à necessidade de participação do setor privado.

 “O que a gente vê no Brasil, hoje, na verdade é um software pirata em execução, porque quando o PT copia aquilo que vem do governo do PSDB, o PT acerta”, afirmou ele, em entrevista depois de palestra a empresários na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul).

O tucano destacou o respeito pessoal que tem pela presidente Dilma, considerada por ele uma mulher de bem. Contudo, avaliou que a inflação, que está na casa dos 6% devido a preços controlados, pode estourar como uma “tampa de uma panela de pressão” e chegar a 9%. Para ele, a marca final do governo Dilma será “crescimento pífio, inflação alta, descontrole das contas públicas, maquiagem fiscal”, o que tornaria alta a desconfiança da iniciativa privada internacional em relação ao Brasil. “Infelizmente, o governo da presidente Dilma fracassou. Essa é a realidade. Nós não podemos nos contentar com o que está acontecendo e achar que tudo é normal”, avaliou ele.

Aécio frisou que estava cumprindo uma agenda como presidente nacional do PSDB. Sobre sua provável candidatura à Presidência da República, afirmou que pretende apresentar até a primeira quinzena de dezembro um documento que será fruto das viagens que ele têm feito pelo país, “para que recuperemos a confiança na economia brasileira, e a partir daí, a retomada dos investimentos”. O tucano, que esteve em Manaus (AM) no fim de semana, afirmou que o país se tornou “um grande cemitério de obras inacabadas”, devido a falta de planejamento.

Segurança

O senador apontou mudanças num eventual governo do PSDB, sugerindo um enfrentamento mais ativo na questão da segurança pública: “Há uma omissão absurda do governo federal nessa matéria, 87% de tudo o que se gasta em segurança pública no Brasil hoje vêm dos cofres estaduais e municipais. Apenas 13% da União. E a União é responsável pelas nossas fronteiras, pelo tráfico de armas, pelo tráfico de drogas. Portanto, a União transfere esta responsabilidade para aqueles que menos têm”.

O senador garantiu que se o seu partido estivesse no governo teria uma relação diferente com municípios e estados, lidando com a saúde de forma diferente. Ele argumenta que há dez anos, quando o PT tomou posse no Planalto, o governo gastava 56% do total de financiamento em saúde pública e que hoje gasta 45%. “Quem paga essa conta? Estados e, principalmente, os municípios, que são os que estão hoje em situação pré-falimentar”, disse.

Afago no PMDB
Aécio Neves aproveitou a viagem a Porto Alegre e acompanhado de um comitiva de deputados e prefeitos tucanos da região, fez uma visita à casa do senador Pedro Simon (PMDB-RS) para um aceno ao partido do vice-presidente Michel Temer. O apoio do PMDB, o maior aliado nacional do governo Dilma, no Rio Grande do Sul é disputado pelo PSDB de Aécio e pelo PSB de Eduardo Campos. "Aécio é um grande companheiro, digno, correto e sério", disse o senador peemedebista. Para ele, ainda é "muito cedo" para definir qualquer aliança para as eleições do ano que vem.