Jornal Estado de Minas

Dez condenados no mensalão já estão presos, sete em Belo Horizonte

Os outros dois que tiveram mandado de prisão expedido só devem se entregar neste sábado.

Daniel Silveira Com informações do Correio Braziliense
Marcos Valério, principal operador do esquema criminoso do mensalão, chegou à sede da PF em BH por volta das 20h50 - Foto: Tulio Santos/EM/D.A Press
Já estão presos dez dos 12 condenados no julgamento do mensalão que tiveram a prisão decretada neste feriado da Proclamação da República, sete deles em Belo Horizonte. O último a se apresentar foi o ex-executivo do Banco Rural, José Roberto Salgado, que chegou na sede da PF na capital mineira às 22h40. Os outros dois que estão com mandado de prisão em aberto, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, só devem se entregar neste sábado.

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Salgado foi condenado a 16 anos e 8 meses de prisão por lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha. Ele era o último aguardado no prédio da PF localizado no Bairro Gutierrez, Região Oeste de Belo Horizonte.

Condenado a 8 anos e 11 meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, Delúbio só vai se apresentar à polícia neste sábado. O advogado que o representa, Arnaldo Malheiros, informou que o cliente está em Goiás e a viagem até Brasília dura cerca de seis horas, por isso ele só se entregará no sábado. Pizzolato, que teve pena estabelecida em 12 anos e 7 meses por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, também só irá se apresentar amanhã. Um procurador pessoal dele, que se apresentou aos agentes da PF que foram ao prédio onde ele mora cumprir o mandado de prisão, afirmou que ele está viajando e vai aguardar o advogado dele, que está em Brasília, chegar ao Rio pela manhã de sábado para, então, se entregar à polícia.

Prisões em SP, MG e DF


Genoino divulgou nota reiterando ser inocente - Foto: Robson Fernandes/Estadao

O primeiro a se entregar foi o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoino, que chegou por volta das 18h30 à Superintendência da PF em São Paulo. Horas antes, ele divulgou, em seu site, uma nota oficial em que reiterava ser inocente e se dizia um preso político. “"Com indignação, cumpro as decisões do STF”, registrou no comunicado.

Duas horas da chegada de Genoino à sede da PF em SP, se apresentou na mesma unidade o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Por meio de nota, ele afirmou que vai "cumprir o que manda a Constituição e a lei". Ele também afirma ser inocente e que protestará sobre a condenação. "Ainda que preso, permanecerei lutando para provar minha inocência e anular esta sentença espúria", escreveu, em carta aberta.

Em carta aberta, Dirceu garantiu ser inocente no esquema - Foto: Anderson Gores/Estadão Na sede da PF em Brasília se apresentou, por volta das 20h, o ex-assessor parlamentar do extinto PL, Jacinto Lamas. Ele foi recebido por manifestantes que se posicionavam na frente do prédio.

Em Belo Horizonte foi presa a maioria dos condenados. A primeira a chegar na sede da PF no Bairro Gutierrez, Região Oeste da capital, foi a ex-funcionária de Marcos Valério, Simone Vasconcelos. Em seguida, chegou ao local o ex-sócio de Valério, Cristiano Paz, e pouco depois a ex-presidente do Banco Rural, Katia Rabello, logo após, o ex-deputado do PTB Romeu Queiroz. Às 20h50 se entregou o operador principal do mensalão, Marcos Valério, e dez minutos depois o ex-sócio dele Ramon Hollebarch. O último a se entregar foi o ex-executivo do Banco Rural, José Roberto Salgado. Nenhum deles se pronunciou à imprensa.

Todos os presos serão transferidos, no fim de semana, para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília. De acordo com o órgão, o transporte será feito em aeronave da instituição. Inicialmente, os condenados ao regime fechado cumprirão pena no Complexo Penitenciário da Papuda, na capital federal, mas posteriormente poderão solicitar transferência para as cidades onde moram.

Ordens de prisão

Foi no começo da tarde que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, expediu 12 mandados de prisão. Ao todo, 16 réus tiveram o processo registrado com “transitado em julgado”, o que garante a determinação imediata da execução das penas as quais foram sentenciados. Os quatro que não tiveram ordem de prisão expedida são o ex-deputado federal pelo PT e delator do mensalão, Roberto Jefferson, o ex-deputado federal pelo PMDB José Borba, o ex-secretário nacional do PTB, Emerson Palmieri, e o sócio-proprietário da Corretora Bônus Banval, Enivaldo Quadrado. As primeiras prisões dos envolvidos num dos maiores esquemas de corrupção na política brasileira acontecem um ano após a condenação pelo STF.

Confira os 12 condenados que tiveram os mandados de prisão expedidos nesta sexta-feira

José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil
Pena total: 10 anos e 10 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 676 mil

José Genoino, deputado federal (PT-SP)

Pena total: 6 anos e 11 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 468 mil

Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT

Pena total: 8 anos e 11 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 325 mil

Marcos Valério, empresário

Pena total: 40 anos, 4 meses e 6 dias
Cumprirá pena por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 3,06 milhões

Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da SMP&B

Pena total: 12 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Multa: R$ 263,9 mil

Romeu Queiroz, ex-deputado do PTB-MG

Pena total: 6 anos e 6 meses
Crimes: corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Multa: R$ 828 mil

Jacinto Lamas, ex-assessor parlamentar do extinto PL
Pena total: 5 anos
Crimes: lavagem de dinheiro
Multa: R$ 260 mil

Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil

Pena total: 12 anos e 7 meses
Crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Multa: R$ 1,316 milhão

Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1,5 milhão

José Roberto Salgado, ex-executivo do Banco Rural

Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1 milhão

Ramon Hollerbach, publicitário

Pena total: 29 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,79 milhões

Cristiano Paz, publicitário

Pena total: 25 anos, 11 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,53 milhões