O empresário Marcos Valério é conhecido como o operador do esquema de compra de votos no Congresso Nacional e foi condenado a 40 anos, quatro meses e seis dias de prisão a ser cumprida no regime fechado em presídio de segurança máxima. Condenado por corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e peculato, ele foi levado por seu advogado Marcelo Leonardo, que mais cedo havia chegado à PF trazendo o ex-deputado federal Romeu Queiroz, que presidiu o PTB mineiro, mas saiu de novo para buscar o outro cliente. Por ter conseguido comprovar residência próxima a Sete Lagoas, Valério deve cumprir pena no Presídio Promotor José da Costa, na cidade.
O empresário esteve nesse sábado às 18h47 em sua fazenda, próxima a Sete Lagoas, a 100 quilômetros da capital, antes de se apresentar à sede mineira da Polícia Federal. Durante toda a tarde de ontem, o movimento foi tranquilo nas ruas de acesso à principal propriedade do empresário, onde se concentrava a imprensa. Ao chegar ao local, Valério, que parecia ter a intenção de pegar algum pertence em casa, desistiu de entrar e tomou outro caminho.
Movimentação Desde o início da tarde, a movimentação de carros em frente à PF mineira também era grande. A todo momento chegavam e saíam carros de agentes, alguns deles convocados para reforçar o quadro. Uns poucos moradores de prédios que ficam na rua da entrada da superintendência acompanhavam curiosos da janela. Os primeiros que chegaram à sede da PF foram o publicitário Cristiano Paz e a ex-diretora da empresa de Valério Simone Vasconcelos. Ela chegou em uma BMW preta e trazia uma mala. Pouco depois chegaram Romeu Queiroz e Kátia Rabelo, bastante abatida no banco de trás, todos sem dar declarações.
Um pouco antes de Valério se apresentar, o motoboy Valerí Dornas, 50 anos, chegou com um megafone parabenizando a Justiça e a polícia pela prisão dos condenados do mensalão. Aos berros, dizia esperar que todo o Brasil fosse às ruas agradecer. “Vim porque meu coração já não aguentava tanta falcatrua. Eu achava que ia morrer sem ver político indo para a cadeia”, esbravejou.
Os últimos a se entregar na noite de ontem foram o publicitário Ramon Hollerbach e José Roberto Salgado. Durante o início da noite, alguns parentes entraram com colchonetes e roupas para os presos, que dormirão nas celas, antes de serem transportados para Brasília em uma aeronave da instituição ainda neste fim de semana.