Jornal Estado de Minas

Prisões dos mensaleiros repercutem no noticiário internacional

New York Times, Wall Street Journal e The Guardian destacaram os desdobramentos da decisão do STF

Olívia Florência Jorge Macedo - especial para o EM
A decisão do Supremo Tribunal Federal de mandar prender os políticos do caso mensalão que já tenham condenações que não podem mais serem modificadas por recursos também repercutiu na mídia internacional. Alguns jornais comentaram o tema em seus sites. New York Times, El País, Guardian e Wall Street News noticiaram o caso.
O New York Times relatou o fato de políticos corruptos no Brasil serem historicamente protegidos de qualquer punição e as prisões decretadas serem um movimento surpresa para os condenados. O espanhol El País destacou o fato de que 11 dos 25 condenados seriam encarcerados e, entre eles, os líderes históricos do PT José Dirceu e José Genoíno.

A publicação inglesa The Guardian destacou que os condenados serão presos um ano depois da condenação. Segunda o jornal, Dirceu e os outros acusados conseguiram adiar o encarceramento com complexas manobras judiciais e agora serão presos enquanto alguns de seus recursos continuam sendo analisados pela justiça brasileira.

O Wall Street Journal também destacou o caso dizendo que a ordem de prisão dos condenados é marcante pois é um evento não-usual no Brasil, país conhecido por não ir adiante na punição de políticos corruptos. O jornal descreveu a sessão do STF de ontem como conturbada e destacou a fala de Joaquim Barbosa em que ele disse aos outros juízes que eles estavam adiando o caso desnecessariamente se não mandassem os condenados à prisão. A publicação também destacou a participação de Dirceu no mensalão e o denominou de mentor. Por fim, o WSJ informou que recursos ainda estão sendo encaminhados a justiça e que alguns serão analisados somente em 2014, coincidindo com as próximas eleições presidenciais.

O New York Times também apontou que no Brasil é mais fácil a prisão de mais pobres e por crimes menores, como porte de pequena quantidade de drogas. O jornal finaliza com aspas do juiz do Supremo Luís Roberto Barroso, em que ele diz que para ser preso no Brasil você tem que ser muito pobre e com uma defesa muito fraca. Na declaração, Barroso também afirma que poucas pessoas no país são sentenciadas por crimes grandes.

Os réus e as condenações

Marcos Valério, empresário
Pena total: 40 anos, 4 meses e 6 dias
Cumprirá pena por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 3,06 milhões

Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da SMP&B
Pena total: 12 anos, 7 meses e 20 dias
Crime: corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Multa: R$ 263,9 mil

Romeu Queiroz, ex-deputado do PTB-MG
Pena total: 6 anos e 6 meses
Crimes: corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Multa: R$ 828 mil

Jacinto Lamas, ex-assessor parlamentar do extinto PL
Pena total: 5 anos
Crime: lavagem de dinheiro
Multa: R$ 260 mil

Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
Pena total: 12 anos e 7 meses
Crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Multa: R$ 1,316 milhão

Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1,5 milhão

José Roberto Salgado, ex-executivo do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1 milhão

Ramon Hollerbach, publicitário
Pena total: 29 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,79 milhões

Cristiano Paz, publicitário
Pena total: 25 anos, 11 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,53 milhões