O avião da Polícia Federal com os nove condenados pelo Mensalão chegou a Brasília pouco antes das 18h. Os réus foram levados para o hangar da PF, onde desembarcaram e depois seguiram para a sede da superintendência do órgão, no Setor Policial. Lá, eles devem ficar à disposição das autoridades até segunda-feira. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, ainda não decidiu onde os condenados cumprirão suas respectivas penas.
Um grupo de petistas disseram que farão vigília na porta da Superintendência da Polícia Federal, no Setor Policial Sul. "Julgamento de exceção, exigimos a anulação!" são as palavras de ordem. Cerca de 80 manifestantes estão fazendo um corredor em volta da entrada e dizendo que não deixarão os cinegrafistas se aproximarem.
A aeronave com capacidade para 50 passageiros saiu da capital federal para buscar os réus na manhã de hoje. Primeiro foi a São Paulo, onde embarcaram o deputado federal José Genoino (PT-SP) e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, que se entregaram na noite de ontem após o presidente do STF determinar a prisão de 12 condenados. Apenas um mandado de prisão não foi cumprido.
Por volta das 15h30, o jato da PF pousou Belo Horizonte para pegar outros sete presos: o publicitário Marcos Valério, o ex-deputado federal Romeu Queiroz (PTB-MG); o ex-vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado; os ex-sócios de Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, e também a ex-funcionária do publicitário Simone Vasconcelos. As portas foram fechadas às 16h38.
Na manhã de hoje, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, se entregou à PF em Brasília. Ele foi o último a se apresentar às autoridades. O ex-tesoureiro do PL (atual PR), Jacinto Lamas, se apresentou à polícia da capital federal ontem.
Foragido
O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolatto, escapou da prisão e está foragido na Itália, onde tem dupla cidadania. O condenado saiu do país por terra, pela fronteira com o Paraguai, e de lá seguiu para o país europeu. A Interpol já está a procura do executivo e decretou "alerta vermelho". Pizzolatto foi condenado pretende apelar para um novo julgamento italiano.
Os réus e as condenações
Marcos Valério, empresário
Pena total: 40 anos, 4 meses e 6 dias
Cumprirá pena por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 3,06 milhões
Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da SMP&B
Pena total: 12 anos, 7 meses e 20 dias
Crime: corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Multa: R$ 263,9 mil
Romeu Queiroz, ex-deputado do PTB-MG
Pena total: 6 anos e 6 meses
Crimes: corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Multa: R$ 828 mil
Jacinto Lamas, ex-assessor parlamentar do extinto PL
Pena total: 5 anos
Crime: lavagem de dinheiro
Multa: R$ 260 mil
Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
Pena total: 12 anos e 7 meses
Crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Multa: R$ 1,316 milhão
Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1,5 milhão
José Roberto Salgado, ex-executivo do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1 milhão
Ramon Hollerbach, publicitário
Pena total: 29 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,79 milhões
Cristiano Paz, publicitário
Pena total: 25 anos, 11 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,53 milhões
Com André Shalders