Os condenados no julgamento do Mensalão, José Genoino, José Dirceu, Marcos Valério, Cristiano Paz, Kátia Rabello, Simone Vasconcelos, José Roberto Salgado, Romeu Queiroz, Ramon Hollerbach, Jacinto Lamas e Delúbio Soares ficarão no Complexo Presidiário da Papuda, em Brasília, até que seja definido pelo juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal onde cada um irá cumprir sua pena. Os advogados protestam e consideram a decisão um constrangimento ilegal para os condenados a regime semiaberto.
Nove dos doze mensaleiros, que receberam ordem de prisão do Supremo Tribunal Federal (STF), chegaram à capital federal por volta das 19h deste sábado, levados por uma aeronave da Polícia Federal (PF), que chegou no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, vinda do Aeroporto da Pampulha em Belo Horizonte, onde todos os condenados embarcaram. Dois outros réus já esperavam os demais na superintendência da PF: o ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Dos doze mandados de prisão expedidos, onze foram cumpridos. O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato está foragido. Em carta, o réu informou que está na Itália, onde irá tentar obter um novo julgamento. A Interpol já foi acionada para buscar o condenado e vai emitir um documento para todos os países oficializando Pizzolato como fugitivo da Justiça brasileira.
O grupo foi retirado do hangar especial no aeroporto de Brasília em uma van branca, acompanhada de escolta policial. Inicialmente, havia a informação de que seriam levados para a Superintendência da PF, mas por falta de espaço no local, que hoje abriga apenas presos que vão prestar depoimento, foram levados diretamente para a ala federal da Papuda. É lá que está também o deputado federal Natan Donadon, condenado a 13 anos de prisão formação de quadrilha e peculato.
Os presos ficarão à disposição da Vara de Execuções Penais Distrito Federal até que a Justiça determine o local definitivo de cumprimento da pena. Até agora, no entanto, o juiz responsável, Ademar de Vasconcelos, não recebeu nenhum pedido do Supremo Tribunal Federal. “Não tenho nenhuma informação do STF ainda, não recebi nada, não estou sabendo de nada”, disse o juiz ao Estado.
Segundo Vasconcelos, o próprio STF pode fazer a execução penal. No entanto, nos pedidos de prisão, o presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, pediu que os presos fiquem à disposição da PF até que a vara do DF determina o local de cumprimento da pena.
Espera-se que o ofício chegue à Vara na segunda-feira. Parte dos presos, aqueles que cumprirão a pena em regime fechado - o publicitário Marcos Valério, por exemplo - ficarão na Papuda. Os condenados em regime semiaberto deverão ser levados par o Centro de Progressão Provisória (CPP), fora do complexo, em uma área mais central de Brasília.
O avião da PF saiu primeiro de São Paulo, chegou em Belo Horizonte às 15h20, trazendo José Genoino e José Dirceu. Na Pampulha embarcaram os sete detidos que se entregaram na sede da PF na capital mineira. Marcos Valério, Cristiano Paz, Romeu Queiroz, Ramon Hollerbach, José Roberto Salgado, Kátia Rabelo e Simone Vasconcelos aguardavam a chegada do avião desde às 14h45, depois de passarem pelo exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) em BH.
As prisões dos condenados foram decretadas ontem pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Sete réus apresentaram-se ontem à Polícia Federal em Belo Horizonte: José Roberto Salgado, ex-vice-presidente do Banco Rural; O publicitário Marcos Valério; Kátia Rabello, ex-presidenta do Banco Rural; o ex-deputado federal Romeu Queiroz (PTB-MG); Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, ex-sócios de Marcos Valério; e Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Valério.
Dois réus entregaram-se em São Paulo: o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o ex-presidente do PT e deputado federal (SP) José Genoíno. Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL (atual PR), e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares apresentaram-se em Brasília.
Os réus e as condenações
Marcos Valério, empresário
Pena total: 40 anos, 4 meses e 6 dias
Cumprirá pena por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 3,06 milhões
Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da SMP&B
Pena total: 12 anos, 7 meses e 20 dias
Crime: corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Multa: R$ 263,9 mil
Romeu Queiroz, ex-deputado do PTB-MG
Pena total: 6 anos e 6 meses
Crimes: corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Multa: R$ 828 mil
Jacinto Lamas, ex-assessor parlamentar do extinto PL
Pena total: 5 anos
Crime: lavagem de dinheiro
Multa: R$ 260 mil
Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
Pena total: 12 anos e 7 meses
Crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Multa: R$ 1,316 milhão
Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1,5 milhão
José Roberto Salgado, ex-executivo do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1 milhão
Ramon Hollerbach, publicitário
Pena total: 29 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,79 milhões
Cristiano Paz, publicitário
Pena total: 25 anos, 11 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,53 milhões
Com Daniel Camargos e Pedro Rocha Franco
Com agências