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Estado de Minas SILÊNCIO PARA EVITAR DESGASTE

A 11 meses das eleições, Palácio do Planalto decide não se pronunciar sobre prisão

Dilma Rousseff e a cúpula do PT não vão se manifestar sobre petistas condenados


postado em 17/11/2013 00:12 / atualizado em 17/11/2013 13:02

Brasília – A presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PT decidiram que não vão mais se pronunciar sobre a prisão dos réus do mensalão. No caso do partido, o tom da manifestação política foi dada na nota emitida pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão, na tarde de sexta-feira, defendendo os militantes e reafirmando que não houve compra de votos tampouco desvio de recursos públicos. Já no governo, o silêncio é uma opção clara de não prolongar um assunto que o Planalto considera encerrado. A estratégia também é adotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cancelou participação em evento do PCdoB na sexta-feira.


No governo, a avaliação é de que a prisão dos réus encerra um ciclo político. Os condenados, sobretudo os petistas, foram julgados, houve os recursos, estes foram analisados, sobreveio a condenação e, por fim, a execução do mandado de prisão, embora falte apreciar os embargos infringentes de parte dos réus. “Não é algo que prossiga. É algo que se encerra com os fatos da última sexta”, disse um interlocutor do governo.

Em relação a Dilma, a avaliação é de que, diante da inevitabilidade das prisões, melhor foi elas terem ocorrido um ano antes das eleições presidenciais. Apesar de algumas sinalizações tímidas de apoio, a presidente sempre fez questão de manter distanciamento do caso. Antes mesmo de o julgamento ser iniciado, em agosto de 2012, ela reuniu os ministros mais próximos para definir que o Executivo federal se pronunciaria o mínimo possível. E justificou: “Nós somos o Planalto pós-mensalão”.


A analogia, na visão de aliados, fazia sentido. A própria Dilma só se tornara presidente porque fora alçada à condição de chefe da Casa Civil com a queda de José Dirceu. No governo, os petistas réus da Ação Penal 470 tinham pouca ou nenhuma influência, o que tornava desnecessária qualquer manifestação de desagravo. Esse papel deveria ser exercido pelo partido, não pelo Planalto.

Para o secretário de Comunicação do PT, Paulo Frateschi, existe um sentimento de perplexidade na legenda, especialmente pela forma como as prisões foram conduzidas, misturando réus que já tiveram o trânsito em julgado com outros que ainda têm recursos a serem analisados. “Além disso, vão perceber que pega muito mal tomar uma decisão dessa envergadura em pleno feriado de Proclamação da República”, criticou Frateschi.

"Revisão histórica" O dirigente petista reconhece, contudo, que a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa de decretar a imediata execução das penas encerra o debate do mensalão, tanto do ponto de vista político quanto do jurídico. “Daqui para a frente deixaremos o debate para a história”, ponderou. Frateschi afirma que essa “revisão histórica” poderá ocorrer até mais cedo, motivada, especialmente, pela fuga do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato para a Itália. Ele argumenta que caso, Pizzolato realmente opte por pedir um novo julgamento na Itália, viria à tona o caráter político da ação penal analisada pelo STF virando assunto da mídia internacional.

 

Lula diz "estamos juntos"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou para os seus antigos companheiros, assim que soube que haviam sido expedidos os mandados de prisão contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino. Ambos ocuparam os cargos durante a gestão do petista à frente do Palácio do Planalto. “Estamos juntos”, disse Lula, que passou o feriado em sua chácara no interior paulista, de onde ligou para Dirceu e Genoino. Apesar da manifestação, Lula não fez comentários públicos sobre as prisões.

A lista dos presos

Veja a situação* de cada um dos condenados que se encontram sob custódia da Polícia Federal e do único réu que está foragido

REGIME INICIAL FECHADO

Marcos Valério
Empresário
Pena total: 40 anos, 4 meses e 6 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 3,06 milhões

Cristiano Paz
Publicitário
Pena total: 25 anos, 11 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,53 milhões

Kátia Rabello
Ex-presidente do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1,5 milhão

José Roberto Salgado
Ex-executivo do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1 milhão

Ramon Hollerbach
Publicitário
Pena total: 29 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,79 milhões

Henrique Pizzolato (FORAGIDO)
Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
Pena total: 12 anos e 7 meses
Crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Multa: R$ 1,316 milhão

REGIME INICIAL SEMIABERTO

José Dirceu
Ex-ministro da Casa Civil
Pena total: 10 anos e 10 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 676 mil

José Genoino
Deputado federal (PT-SP)
Pena total: 6 anos e 11 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 468 mil

Delúbio Soares
Ex-tesoureiro do PT
Pena total: 8 anos e 11 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 325 mil

Simone Vasconcelos
Ex-diretora financeira da SMP&B
Pena total: 12 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Multa: R$ 263,9 mil

Romeu Queiroz
Ex-deputado do PTB-MG
Pena total: 6 anos e 6 meses
Crimes: corrupção passiva e lavagem de
dinheiro
Multa: R$ 828 mil

Jacinto Lamas
Ex-assessor parlamentar do extinto PL
Pena total: 5 anos
Crimes: lavagem
de dinheiro
Multa: R$ 260 mil


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