No governo, a avaliação é de que a prisão dos réus encerra um ciclo político. Os condenados, sobretudo os petistas, foram julgados, houve os recursos, estes foram analisados, sobreveio a condenação e, por fim, a execução do mandado de prisão, embora falte apreciar os embargos infringentes de parte dos réus. “Não é algo que prossiga. É algo que se encerra com os fatos da última sexta”, disse um interlocutor do governo.
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Dois presídios de regime fechado do DF recebem detentos envolvidos no MensalãoDupla cidadania de Pizzolato reduz as chances de o Brasil conseguir extraditá-loMensaleiros entre vaias e pedradas em Belo Horizonte Ministro Marco Aurélio destaca que prisões são uma resposta à sociedade Advogado diz que José Genoino passou mal à noite e teve fortes dores no peitoRoberto Jefferson aguarda em casa ordem de prisãoDelúbio se entrega e também afirma ser 'preso político'Presidente do STF deve puxar para si decisão sobre os locais de cumprimento das penasA analogia, na visão de aliados, fazia sentido. A própria Dilma só se tornara presidente porque fora alçada à condição de chefe da Casa Civil com a queda de José Dirceu. No governo, os petistas réus da Ação Penal 470 tinham pouca ou nenhuma influência, o que tornava desnecessária qualquer manifestação de desagravo. Esse papel deveria ser exercido pelo partido, não pelo Planalto.
Para o secretário de Comunicação do PT, Paulo Frateschi, existe um sentimento de perplexidade na legenda, especialmente pela forma como as prisões foram conduzidas, misturando réus que já tiveram o trânsito em julgado com outros que ainda têm recursos a serem analisados. “Além disso, vão perceber que pega muito mal tomar uma decisão dessa envergadura em pleno feriado de Proclamação da República”, criticou Frateschi.
"Revisão histórica" O dirigente petista reconhece, contudo, que a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa de decretar a imediata execução das penas encerra o debate do mensalão, tanto do ponto de vista político quanto do jurídico. “Daqui para a frente deixaremos o debate para a história”, ponderou. Frateschi afirma que essa “revisão histórica” poderá ocorrer até mais cedo, motivada, especialmente, pela fuga do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato para a Itália. Ele argumenta que caso, Pizzolato realmente opte por pedir um novo julgamento na Itália, viria à tona o caráter político da ação penal analisada pelo STF virando assunto da mídia internacional.
Lula diz "estamos juntos"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou para os seus antigos companheiros, assim que soube que haviam sido expedidos os mandados de prisão contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino. Ambos ocuparam os cargos durante a gestão do petista à frente do Palácio do Planalto. “Estamos juntos”, disse Lula, que passou o feriado em sua chácara no interior paulista, de onde ligou para Dirceu e Genoino. Apesar da manifestação, Lula não fez comentários públicos sobre as prisões.
A lista dos presos
Veja a situação* de cada um dos condenados que se encontram sob custódia da Polícia Federal e do único réu que está foragido
REGIME INICIAL FECHADO
Marcos Valério
Empresário
Pena total: 40 anos, 4 meses e 6 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 3,06 milhões
Cristiano Paz
Publicitário
Pena total: 25 anos, 11 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,53 milhões
Kátia Rabello
Ex-presidente do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1,5 milhão
José Roberto Salgado
Ex-executivo do Banco Rural
Pena total: 16 anos e 8 meses
Crimes: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 1 milhão
Ramon Hollerbach
Publicitário
Pena total: 29 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha
Multa: R$ 2,79 milhões
Henrique Pizzolato (FORAGIDO)
Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
Pena total: 12 anos e 7 meses
Crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Multa: R$ 1,316 milhão
REGIME INICIAL SEMIABERTO
José Dirceu
Ex-ministro da Casa Civil
Pena total: 10 anos e 10 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 676 mil
José Genoino
Deputado federal (PT-SP)
Pena total: 6 anos e 11 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 468 mil
Delúbio Soares
Ex-tesoureiro do PT
Pena total: 8 anos e 11 meses
Crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha
Multa: R$ 325 mil
Simone Vasconcelos
Ex-diretora financeira da SMP&B
Pena total: 12 anos, 7 meses e 20 dias
Crimes: corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Multa: R$ 263,9 mil
Romeu Queiroz
Ex-deputado do PTB-MG
Pena total: 6 anos e 6 meses
Crimes: corrupção passiva e lavagem de
dinheiro
Multa: R$ 828 mil
Jacinto Lamas
Ex-assessor parlamentar do extinto PL
Pena total: 5 anos
Crimes: lavagem
de dinheiro
Multa: R$ 260 mil