O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), poderá mandar de volta para a Câmara Municipal dois vereadores que viraram secretários para ajudar a recompor a base aliada na Casa. A previsão era de que Daniel Nepomuceno (PSB), da pasta de Serviços Urbanos, e Bruno Miranda (PDT), de Esportes – que trabalharam como vice-líderes de governo no segundo semestre do ano passado –, se desincompatibilizariam dos cargos no ano que vem para tentarem vaga na Assembleia Legislativa. O retorno à Câmara, contudo, seria antecipado para que eles ajudassem Lacerda a melhorar o relacionamento com os vereadores.
Segundo contas feitas pelo líder de governo, Preto (DEM), em conversas com colegas, dos 41 vereadores, o prefeito não teria hoje mais do que 18 fiéis a ele. O número mínimo de votos para a aprovação de textos que criam leis ou as alteram é de 21 ou 28, dependendo da proposição. Com apoio tão escasso, projetos de lei enviados por Lacerda à Casa acabam não sendo votados, entre eles o que determina modificações na legislação municipal para realização da Copa das Confederações, terminada há quatro meses, e da Copa do Mundo no ano que vem. Belo Horizonte é uma das sedes da competição. O projeto está na pauta do plenário. Na mesma situação está o texto enviado pelo Executivo que prevê alteração no zoneamento do Bairro Cidade Jardim, que permitiria a construção de prédios mais altos na região em troca, por exemplo, de doação de equipamentos públicos à comunidade ou implantação de áreas verdes.
O principal motivo do atrito entre os parlamentares e Lacerda é a distribuição de cargos na PBH entre vereadores ou a seus “chefes”. O deputado federal Luís Tibé (PTdoB), por exemplo, orientou os cinco parlamentares de seu partido a aumentar a pressão contra o prefeito depois de um de seus indicados ter sido exonerado. O presidente da Casa, Leo Burguês, que este ano deixou o PSDB e migrou para o partido de Tibé, teve também indicados demitidos da prefeitura. O vice-presidente da Câmara, Wellington Magalhães (PTN), é outro que perdeu cargos na administração municipal.
Até mesmo vereadores que só tomaram posse por interferência do prefeito não têm poupado críticas a ele. Sapão (PSB), que chegou à Casa com a ida de Daniel Nepomuceno para a secretaria, reclamou de Lacerda durante audiência pública realizada pela Câmara no Barreiro, onde mantém base eleitoral.
Arestas Os parlamentares não gostaram também do comportamento de Lacerda em relação à conferência municipal de política urbana, realizada em Belo Horizonte de quatro em quatro anos. O encontro, normalmente organizado pela PBH, teria que acontecer em 2013, mas a prefeitura, no entanto, só anunciou que pretende fazê-la depois que os parlamentares decidiram tomar a frente para que a reunião ocorra na Casa.
O prefeito já foi obrigado a mexer no primeiro escalão do governo para tentar estancar crises. Na terça-feira, Marcelo Teixeira, secretário de Saúde desde o primeiro mandato do prefeito, foi exonerado por atrito com o secretário de Governo, Josué Valadão. O cargo foi assumido interinamente pelo secretário-adjunto, Fabiano Geraldo Pimenta Júnior.