Mais um secretário da gestão Gilberto Kassab (PSD) foi relacionado à quadrilha acusada de cobrar propina para reduzir impostos em São Paulo. Segundo depoimento de uma testemunha mantida em sigilo pelo Ministério Público Estadual (MPE), Antonino Grasso, o Nino, solicitava favores ao grupo na arrecadação de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e teria dado dinheiro a um dos auditores suspeitos. Hoje, ele é subprefeito interino de Pinheiros, indicado por seu partido, o PV, ao prefeito Fernando Haddad (PT).
A testemunha disse também que Nino solicitava favores a Barcellos na arrecadação de IPTU. “Em um caso concreto”, segue o depoimento, “ele solicitou algo para Barcellos, que acabou não sendo atendido como deveria. Houve autuação e Nino terminou por solicitar auxílio de Ronilson na defesa do Conselho de Tributos. Ronilson lhe contou que Nino já havia pago algum valor para Barcellos, embora esse tenha negado o recebimento”, diz o relato.
É a segunda vez que Nino é citado ao longo da investigação. A primeira foi em 31 de outubro, no depoimento da servidora Paula Sayuri Nagamati, ex-chefe de gabinete da Secretaria de Finanças. Ela já havia contado que Nino pediu ajuda a Rodrigues no conselho, que julga controvérsias tributárias. Paula disse não saber se havia sido feito algum pagamento pela defesa.
Nino permaneceu na Prefeitura sob o comando de Haddad por indicação do PV, partido aliado do prefeito petista até a votação de reajuste do IPTU na Câmara, no fim de outubro. Na ocasião, apenas Ricardo Teixeira, que havia deixado a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente para participar da sessão, votou a favor. Outros três foram contra.
Ninho
A testemunha, que seria amiga de Rodrigues, disse ao MPE que frequentava o “ninho da corrupção” - nome dado pelos investigadores à sala comercial do Largo da Misericórdia, no centro, utilizada pela quadrilha e de propriedade de Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia, ex-sócio de Kassab.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou na sexta-feira, a mesma testemunha afirmou que Walter Aluísio, secretário de Finanças entre 2008 e 2011, também frequentava o “ninho” da quadrilha e diz que Silvio Dias pedia a Rodrigues “que verificasse o andamento de alguns processos administrativos”.