A ideia do vereador João Pezão (PRB), de Muzambinho, era render uma homenagem ao deputado federal Aelton Freiras (PR-MG). Ele indicou o parlamentar para receber a honraria máxima do Legislativo muzambinhense, o título de Cidadão Honorário, a ser celebrado no próximo dia 30. Porém, a fama do deputado – flagrado em um vídeo exibido no fim de julho num programa de TV ensinando correligionários a comprar votos e desestabilizar a candidatura adversária com boatos – assustou os colegas de Pezão, que barraram o título.
João Pezão, que teve a indicação negada, lamenta a repercussão, mas atribui a derrota na comissão a uma disputa política local, pois lideranças políticas de Muzambinho romperam com o deputado após perderem espaço no PR, legenda que é presidida por Aelton em Minas Gerais. Sobre os ensinamentos de compra de votos transmitidos em rede nacional, Pezão avalia da seguinte forma: “Achei que ele foi um tremendo burro”. Porém, tenta diminuir o efeito: “Aquilo que passou lá (no vídeo) o pessoal sempre usa. Esquadrão da fofoca e comprar voto é comum”.
Por fim, Pezão ressalta que não aceita essas práticas, mas perdoa o deputado. “Até Jesus Cristo perdoou”, compara, e garante que fará campanha para Aelton no próximo pleito. “Se ele tiver um voto na próxima eleição aqui em Muzambinho será o meu”, garante. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do deputado Aelton Freitas. Ele disse desconhecer o assunto e não quis opinar.
CARTÕES
O vídeo que mostra as lições de Aelton foi gravado em Capetinga, no Sul de Minas, distante 170 quilômetros de Muzambinho, em setembro do ano passado, às vésperas das eleições municipais. Ao repassar a “estratégia” a ser usada durante a campanha, Aelton disse: “Nós vamos fazer 200 cartõezinhos para prefeito. Não quer dizer nada 200 cartõezinhos. E nós vamos pegar 20 amigos nossos confiáveis. Quem é da confiança? Vinte. Então você vai ter 10, você vai ter 10, você vai ter 10. Você vai buscar 10 companheiros seus lá e que não estão votando no Donizete” (Donizete do Escritório, aliado do deputado que participava do encontro). O parlamentar prosseguiu: “Esse cartãozinho vale R$ 100. O cara não vai votar em você. Vai votar nos R$ 100 que o cartãozinho que está no bolso dele vale. E outra: só vão pagar se tiver sido eleito”. Sobre a tática para desestabilizar um adversário, Aelton disseno vídeo ser preciso “buscar pessoas” que possam espalhar “boato e fofoca obrigando o rival a gastar tempo se explicando.”