Os municípios e estados mineradores terão que esperar ainda mais para turbinar as arrecadações com a exploração de riquezas minerais em seus territórios. Nessa quarta-feira, em reunião entre os ministros da área econômica e os integrantes da comissão especial que discute o marco regulatório da mineração, ficou definido um novo cronograma para a votação do projeto na Câmara dos Deputados e dificilmente o texto será votado no Senado ainda em 2013. Principal estado produtor de minério, Minas Gerais poderia ter arrecadado R$ 3 bilhões a mais nos últimos 12 meses caso as mudanças, prometidas desde 2008, já estivessem valendo neste ano.
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Os destaques que serão apresentados pelos peemedebistas determinam uma taxa de 10% sobre a produção mineral por meio da participação especial, uma forma de cobrança extra para as jazidas que tiverem alto rendimento na extração, e a manutenção do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que, de acordo com o texto enviado pelo governo federal, seria substituído pela Agência Nacional da Mineração (ANM). As propostas são defendidas pelo líder do PMDB na Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas foram criticadas por membros da comissão especial, que alertam que a cobrança de 10% sobre a participação especial poderá inviabilizar a produção mineral no país.
PRESSÃO
Em junho, o governo federal enviou o novo marco ao Congresso com um pedido para que o tema fosse votado com urgência constitucional, o que determinava um prazo de até 90 dias em plenário. No entanto, a pedido dos parlamentares, que apontaram a necessidade de discutir com vários setores da sociedade as mudanças propostas, a presidente Dilma Rousseff (PT) retirou o pedido de urgência, mas cobrou agilidade nas negociações sobre o projeto. “O novo marco é uma das prioridades do governo e existe uma pressão forte para que ele entre em vigor, mas, como houve muitas modificações no texto, existe também por parte do governo a necessidade de discutir novamente vários pontos”, afirma Guimarães.
Os principais pontos de divergência entre o relatório preliminar elaborado pelo relator da comissão, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), e o governo tratam da forma de concessão para lavra e o direito a títulos minerários. O Planalto defende que as concessões devem ser liberadas por meio de licitações, estimulando a competitividade no setor, mas parlamentares alertam para a necessidade de melhorar o dinamismo do setor. “Concordamos que é importante termos competitividade, mas hoje, a cada mil requerimentos para lavras, apenas um e meio vingam na prática, o que trava o setor”, explica o petista.
Outros itens do novo marco são consensuais entre governo e Congresso, como o reajuste da alíquota da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), que passará de 2% para 4%, e a alteração na forma como é feita a cobrança, que passará a incidir no faturamento bruto das empresas e não mais no faturamento líquido. De acordo com estimativas da comissão especial da Câmara, as mudanças devem triplicar a arrecadação com a exploração mineral.