Nessa delação premiada, mantida em sigilo, ele confirma os dados do relatório revelado pelo Estado na quinta-feira. Em troca da delação, o ex-executivo da Siemens pode obter redução de pena ou perdão judicial - no texto que divulgou nesta sexta, ele diz que “sempre colaborou com as autoridades competentes” e que “jamais fez acusações levianas”.
O pacto de delação impõe uma série de condições, entre elas a blindagem do delator, com a preservação de sua identidade.
O depoimento de Rheinheimer à PF oficialmente não está encartado aos autos do inquérito que investiga o cartel dos trens e corrupção no setor metroferroviário de governos do PSDB, entre 1998 e 2008. A medida é comum: faz parte do acordo para que os investigados não tenham acesso às revelações do delator.
Proteção. Para se proteger ainda mais, o ex-diretor prestou, no dia 5 de novembro “termo de declarações” no inquérito da PF em que diz se “reservar ao direito de permanecer em silêncio”. Esse tipo de procedimento é usual nos acordos de delação.
Rheinheimer diz, na própria nota que divulgou na sexta, estar colaborando com as investigações. “Sempre colaborei com as autoridades competentes no que me cabia (...). Meu depoimento à Polícia Federal foi dado antes do escândalo midiático atual, sempre respeitando o sigilo inerente às investigações.” Ele faz menção ao relatório que cita corrupção. “O documento mencionado, assim como todo o restante da investigação, é sigiloso.” “Sendo assim, não posso comentar sobre o que consta do inquérito. Porém, vejo-me na obrigação de esclarecer que os documentos devassados e as informações publicadas como se fossem de minha autoria, foram distorcidos e não condizem com a realidade.”
No Cade, ele esteve pelo menos duas vezes. Reuniu-se com Vinícius Carvalho, presidente do conselho. A primeira vez, no ano passado. A segunda no fim do primeiro semestre - quando reclamou que o acordo de leniência da Siemens tratava apenas do cartel e não citava suspeitas de corrupção.