Além do constrangimento aos colegas, os condenados têm ouvido também a constatação de que uma absolvição não seria garantia de nenhuma vantagem. Isso porque no caso Natan Donadon (sem partido-RO), preso desde junho e com o mandato mantido em agosto com voto secreto, Alves decidiu por seu imediato afastamento por não ter como comparecer à Casa devido à prisão. A Secretaria-Geral da Mesa já adiantou que o rito seria o mesmo no caso dos condenados a regime semiaberto, situação dos deputados Valdemar e Henry.
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Mesmo no PT, que tem feito abertamente a defesa dos “seus” condenados, há divisão sobre a estratégia a ser adotada no caso de Cunha. Muitos petistas começam a disseminar a ideia de que um processo de cassação em ano eleitoral pode arrastar ainda mais o desgaste do partido e comprometer o resultado nas urnas.
O cenário leva em conta ainda outro fator: a alta probabilidade de que, caso Cunha não renuncie, a bancada feche questão em defesa de seu mandato. Com o voto aberto, seria mais uma munição para a oposição atacar os petistas nas bases. Por isso, cresce a ideia de que a estratégia do partido de “virar a página” do mensalão seja transposta para a bancada. Ainda que isso custe a renúncia de Cunha.
O parlamentar não se abate com a pressão e garante que continuará no cargo mesmo se sua prisão vier a ser decretada. Ele acredita que, por seu bom trânsito na Casa, pode sim ser absolvido. “Não vou renunciar. Vou levar o meu mandato até o último dia de 2014”, disse Cunha. Ele alterna momentos de otimismo com desilusão. “Eu acho que acabou para nós, para a nossa geração no PT. Estou levando a vida como Deus deixa”, costuma repetir a quem pergunta sobre seus próximos passos. Como teve o último recurso aceito, o petista deve ter a sua condenação definitiva pelo STF somente no próximo ano.
Por meio de sua assessoria, Valdemar diz que não trabalha com a hipótese de renúncia. O deputado não foi preso porque entrou com embargo infringente sobre toda a condenação, mesmo tendo direito a questionar apenas a parte que obriga a Câmara a determinar a perda imediata do mandato.
Juridicamente, portanto, é a continuidade do cargo que sustenta o recurso. Apesar disso, aliados afirmam que Valdemar já admite a possibilidade de renunciar quando for preso.
Henry não quis se pronunciar. Ele já fez comentários na Casa dizendo que sairia para poupar a família, mas, em outros momentos, manifestou o desejo de continuar na Câmara por ter sido eleito duas vezes depois de a denúncia contra ele ter surgido.
Aposentadoria
No caso de Genoino, a estratégia em andamento de provocar a sua aposentadoria antes da abertura do processo de cassação do mandato é tida como a mais acertada. Assim, o deputado seria preservado e a bancada não teria o desgaste de defendê-lo.
Caso a junta médica da Câmara que deve avaliá-lo na semana que vem não conclua pela aposentadoria imediata, o processo é tido como mais fácil do que o dos demais parlamentares. Genoino tem uma história de combate à ditadura militar e a forma como seu caso foi tratado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que determinou sua transferência de São Paulo para Brasília e demorou quase uma semana para conceder a ele prisão domiciliar, abriria a possibilidade de uma eventual absolvição, na visão de colegas.