Leia Mais
CGU aperta fiscalização na doação de máquinasGoverno de Minas libera R$ 20 milhões para municípiosApesar de considerar mais fácil atualmente a formalização de convênios, Karina afirma que a administração de cidades menores esbarra na elaboração dos projetos necessários para a liberação dos recursos. “Ainda não temos pessoal preparado para fazer projetos e participar dos editais disponibilizados pelo governo federal”, explica.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, acrescenta ainda outro entrave na relação entre União e municípios, definida por ele como uma “política federativa mal encaminhada”. Crítico conhecido do governo, Ziulkoski acredita que certos tipos de convênios podem aumentar o endividamento das prefeituras em razão dos custos de manutenção do programa ou do projeto. “O problema não é fazer a creche. Se fosse uma relação responsável, a União deveria saber se a prefeitura tem condição de sustentá-la, não empurrar goela abaixo.”
A Prefeitura de Mamborê (PR), por exemplo, já tem aprovado R$ 1,8 milhão para construir uma creche na cidade, atualmente com 14 mil habitantes. O prefeito Claudinei Calori de Souza (PPS) diz que, sem o recurso federal, não conseguiria tirar a obra do papel. “Tudo tem ônus. Lógico que seremos onerados (com a manutenção), mas resolvemos priorizar porque era uma necessidade da população”, diz.
Segundo Ziulkoski, são frequentes os casos de prefeituras recusarem a oferta de convênio por não terem como manter os programas. “Não quero dizer que não tenha coisas boas, mas temos de mostrar que essa prática não funciona.”
Na avaliação do cientista político Fernando Abrucio, uma relação equilibrada e eficiente entre União e municípios vai além do mero aumento de repasses ou dos orçamentos. O caminho é melhorar a articulação entre os três governos e a coordenação de programas federais. “A grande maioria das políticas públicas é executada por municípios, como ensino fundamental, saúde preventiva, assistência social e trânsito. Mas grande parte das cidades não está equipada para fazer isso”, considera Abrucio, coordenador do curso de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Mais efetivo seria se governos federal e estadual capacitassem gestores locais para administrar esses serviços. Só destinar mais recursos, segundo o pesquisador, pode gerar desequilíbrio financeiro e ações ineficientes. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.