Três dias depois de ser flagrado pela Polícia Federal, no Espírito Santo, transportando mais de 400 quilos de cocaína, o piloto Rogério Almeida Antunes, de 36 anos, será exonerado nesta quarta-feira do cargo de agente de serviço de gabinete da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Com salário de R$ 1,7 mil, Antunes está lotado desde abril deste ano na 3ª Secretaria da ALMG, presidida pelo deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT). O parlamentar garantiu que, nesta terça-feira, a pedido do deputado Gustavo Perrella (SDD), o piloto perderá o cargo. Antunes é funcionário de Perrella na Agropecuária e, nesse domingo, foi preso pilotando um helicóptero da empresa do parlamentar, que é também filho do senador Zezé Perrella (PDT).
No gabinete do deputado Gustavo Perrella, a informação, na manhã desta terça-feira, é que o deputado estava em Brasília reunido com o pai e o advogado que está cuidando do caso. O assessor de imprensa do deputado, Davi Teodoro, informou que o parlamentar está “incomunicável” e que só vai falar sobre o assunto novamente quando retornar a Belo Horizonte. Nessa segunda-feira (25), ele convocou a imprensa para uma coletiva e disse que foi surpreendido com o noticiário sobre a prisão do piloto. Afirmou que ele não tinha autorização para usar o helicóptero naquele roteiro e, portanto, iria denunciá-lo às autoridades policiais por furto da aeronave.
Cargo na Assembleia
De acordo com Alencar da Silveira Júnior, a indicação do piloto para ocupar uma vaga na Assembleia faz parte de um expediente comum no Legislativo mineiro. Ele explicou que todo presidente de Comissão - Gustavo Perrella preside a Comissão de Turismo da Casa - tem o direito de indicar um funcionário para uma das três secretarias da Mesa Diretora da ALMG. Perguntado sobre qual era a atividade do piloto como agente de serviço de gabinete, respondeu que o empregado do Legislativo mineiro se limitava a “prestar serviço para o deputado”.
Entenda o caso do tráfico
Rogério Almeida Antunes foi preso em flagrante em Afonso Cláudio, o interior do Espírito Santo, no último domingo (24) com o co-piloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, o comerciante Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.
Conforme a Polícia Militar, somente o piloto quis comentar o assunto. “Ele disse que veio de São Paulo e que o helicóptero foi fretado para ir até o Espirito Santo. Segundo o piloto, quem fez a reserva da viagem foi o co-piloto e os dois receberiam R$ 60 mil cada um. Também teria contado que não sabia que tipo de carga transportava e que sempre fazia esse tipo de frete.
De acordo com o advogado da família Perrella, Antônio Carlos de Almeida Castro, a aeronave está em nome da Limeira Agropecuária – empresa do deputado, mas ele não estava no voo. Segundo Castro, o piloto usou indevidamente a aeronave, sem avisar, para o transporte da droga.
O superintendente da Polícia Federal, Erivelton Leão de Oliveira, informou em coletiva à imprensa, na tarde dessa segunda-feira (25), que inicialmente está descartado o envolvimento de parentes do senador Zezé Perrella (PDT) no transporte de drogas.
Os suspeitos estão presos e ficarão à disposição da Justiça. Se condenados, podem pegar de 3 a 15 anos por tráfico de drogas, 3 a 10 anos por associação ao crime de drogas e ainda ter um aumento de pena em 2/3 por tráfico interestadual.