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Impasse na tramitação da PEC do Orçamento Impositivo será resolvido pela Comissão de OrçamentoInspirada no Senado, Assembleia de Minas também pode ter 'orçamento impositivo'CCJ aprova fatiamento da PEC do Orçamento ImpositivoUnificação do Orçamento Impositivo será decidida pelo presidente da CâmaraOrçamento Impositivo será vetado, avisam ministrasComissão divulga calendário com votação do Orçamento prevista para dia 23Votação da PEC do Orçamento Impositivo deve ficar para 2014, diz AlvesPressionado por dois lados, o presidente da CMO, senador Lobão Filho (PMDB-MA), não pôde estender o prazo até a quarta-feira, mas prometeu aceitar emendas até a data-limite - seria neste sábado, 30, mas, como não é dia útil, a comissão aceitará emendamentos ao Orçamento até a segunda-feira, 2. O impasse tem potencial para afetar as discussões do Orçamento de 2014. "O Orçamento Impositivo é o grande obstáculo para que a gente possa adentrar na discussão do Orçamento Geral da União", disse Lobão Filho.
A PEC do Orçamento Impositivo é uma bandeira do PMDB e foi encampada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ao longo deste ano, no entanto, o texto teve fortes resistências do governo e do PT, que só foram vencidas na medida que houve a vinculação parcial, no Senado, das emendas impositivas para a área da saúde.
Mas nesta quarta-feira, numa tumultuada sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a PEC do Orçamento Impositivo, que já tinha sido aprovada pelo Senado, foi desmembrada por um requerimento apresentado pelo líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). Na ocasião, a base rachou e boa parte dos partidos aliados se uniu à oposição e apoiou o fatiamento.
Agora, duas PECs tramitam na Câmara: uma que aborda o tema original e torna obrigatório o pagamento de emendas parlamentares individuais e outra que trata apenas de financiamento à saúde. Esta fixa em 15% da receita corrente líquida (RCL) o porcentual mínimo de investimento da administração federal na área de saúde.
O Poder Executivo queria as duas coisas juntas para permitir que 50% das emendas parlamentares individuais, que se tornariam obrigatórias, pudessem ser usadas para compor a meta estabelecida para os aportes da União na saúde, o que fez Caiado dizer nesta quarta que a Presidência da República queria fazer "cortesia com o chapéu alheio".
Já o Executivo não aceita ver aprovada apenas a obrigatoriedade da execução das emendas, o que fez Pinheiro impedir o acordo que tornaria possível o adiamento do prazo na CMO - era preciso um acerto unânime para que isso fosse tornado viável. O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), se posicionou contrário ao adiamento. "Você ampliar o prazo sem ter a regra significa dizer que não vamos ter Orçamento no próximo ano", criticou.
Na terça-feira, 3, Alves e os líderes devem decidir qual será o encaminhamento dado ao Orçamento Impositivo na Casa, uma vez que há deputados que questionaram o desmembramento, sob a alegação de que a CCJ apenas poderia tratar da admissibilidade da proposta. O imbróglio ocasionado pela manobra de Caiado faz peemedebistas admitirem que a PEC do Orçamento Impositivo pode não ser aprovada em 2013, o que frustraria o partido no que foi uma das principais bandeiras neste ano.
Carta de seguro
Em tese, a obrigação da execução das emendas está prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada semana passada e que serve de base para a votação da Lei do Orçamento. Dessa forma, a LDO, tal qual aprovada, serviria como uma "carta de seguro" ao PMDB para ver a execução obrigatória das emendas, ao menos para 2014. A questão é que, depois de votados pelo Congresso, dispositivos da LDO podem ser vetados pela presidente Dilma Rousseff, o que não seria possível no caso de uma PEC.
"A LDO já assumiu como regra o Orçamento Impositivo, mas a LDO é sujeita a veto", pontuou Lobão Filho. "A presidente pode vetar o Orçamento Impositivo." Caso opte por vetar os dispositivos que tratam do Orçamento Impositivo na LDO, a Presidência ganha ainda mais força com a promulgação, nesta quinta-feira, da PEC do voto aberto. Sem o sigilo nos casos de apreciação de vetos, aumenta o poder de fogo do Palácio do Planalto para pressionar a base.