Em meio à falta de avanços na discussão de temas considerados centrais para o governo, setores do Palácio do Planalto já descartam a possibilidade de o Código de Mineração ser votado no plenário da Câmara ainda neste ano.
Lançado em julho pela presidente Dilma Rousseff com a promessa de destravar o setor, o projeto, que tramita apensado a outras seis propostas, tem como objetivo atualizar as regras em vigor desde 1967.
Segundo o Broadcast Político apurou, um dos principais entraves está no chamado “processo de transição” de concessão das lavras. Desde o final de 2011, o governo vem represando os pedidos que permitem às mineradoras iniciar as operações aguardando a conclusão da votação do novo Código. Integrantes do Executivo querem que os pedidos pendentes de análise fiquem sob a guarda do novo regime, o que vem causando controvérsia no setor de mineração. O próprio relator se choca com o entendimento do governo.
“Isso não concordo e não vou abrir mão. Temos de atender o setor produtivo. As regras não podem mudar agora para quem já iniciou o processo até porque isso gera custos para as empresas”, afirmou Quintão.
Tributo
Outro ponto de desgaste entre parte do governo e o relator é a divisão da Contribuição Financeira sobre Exploração Mineral (CFEM), chamado de “royalty da mineração”. O relatório preliminar apresentado por Quintão estabelece que 10% serão destinados à União, 20% para o Distrito Federal e os Estados e 60% para o Distrito Federal e municípios, no caso de a produção ocorrer em seus territórios. Outros 10% deverão ser destinados aos municípios não produtores.
O governo é contra as alíquotas dos royalties da mineração na proposta e quer que elas sejam estabelecidas posteriormente por decreto. “Recebi cartas dos prefeitos e dos governadores me apoiando”, disse Quintão. Sobre uma posição do governo, respondeu: “Deles, não recebi”.
Outro ponto de discórdia na discussão do novo Código é a possibilidade de ser criada uma participação especial. Uma emenda apresentada pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), prevê taxa de 10% sobre o lucro das empresas em jazidas de grande produtividade, à semelhança da indústria de petróleo. Segundo cálculos do peemedebista, a medida garantiria o repasse de R$ 6 bilhões por ano ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Para que seja inserida no texto do projeto, a emenda ainda precisa ser aprovada pelos deputados.