Com a bênção da presidente Dilma Rousseff e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, as cúpulas do PT e do PMDB selaram hoje (30) um acordo para chegar às eleições de 2014 com o mínimo de problemas na formação de palanques regionais. Em reunião que durou mais de quatro horas, na Granja do Torto, o senador José Sarney (PMDB-AP) saiu vencedor e conseguiu arrancar o apoio do PT à candidatura patrocinada por ele ao governo do Maranhão. Uma ala do PT maranhense pregava o aval a Flávio Dino, candidato do PC do B à sucessão da governadora Roseana Sarney, o que desagradava não apenas ao senador como à fatia expressiva do PMDB. Nos bastidores, integrantes do partido mencionavam até a necessidade de reexaminar o aval à reeleição de Dilma, caso o PT não aderisse à campanha de seus candidatos peemedebistas em praças consideradas estratégicas. Dilma e Lula entraram em cena para evitar maiores danos. Além disso, o grupo petista favorável à aliança com o candidato da família Sarney, Luís Fernando Silva, ganhou a disputa interna que renovou o diretório do PT no Maranhão, o que favoreceu o acordo. "Mais um Estado resolvido", afirmou o presidente do PMDB senador Valdir Raupp. A presidente e seu padrinho reuniram-se também com os dirigentes do PP, partido que tem divergências com os petistas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Na conversa com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), com o líder na Câmara, Eduardo da Fonte (PE), e com o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades), a presidente e seu padrinho deram início às conversações para reduzir a tensão nos Estados onde há problemas de convivência. No raio-x feito pela direção do PP, foi comunicado que existem divergências com os petistas no Amazonas, Alagoas e Rio Grande do Sul. Combinou-se então que onde não for possível resolver os problemas tanto o PT quanto o PP oferecerão os palanques para a campanha de Dilma. Os resultados da pesquisa Datafolha, mostrando o crescimento de Dilma e o encolhimento da oposição também foram comemorados na reunião do Torto. O levantamento indicou que a presidente só não venceria a eleição de 2014 no primeiro turno se Marina Silva (PSB) aparecesse como candidata. Até agora, porém, tudo indica que Marina será vice na chapa encabeçada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Lula e outros participantes da reunião avaliaram que Campos arrumou "um problema" ao aceitar a filiação de Marina, com maior densidade eleitoral do que ele. Raupp informou que o vice-presidente Michel Temer fez um apelo para que o PT não deixe de apoiar o governo de Sérgio Cabral (PMDB), no Rio de Janeiro, ao menos até março, três meses antes das convenções que definirão os candidatos. O Rio é um dos 11 Estados onde o PT e o PMDB têm problemas para fechar aliança. O PT não abre mão da candidatura do senador Lindbergh Farias (RJ)ao governo fluminense. Cabral, por sua vez, quer lançar Luiz Fernando Pezão, hoje vice-governador. Os petistas pretendiam entregar os cargos que ocupam na administração de Cabral e anunciariam o rompimento neste fim de semana, mas adiaram a decisão a pedido de Lula. Além disso, Temer também apelou para que o PT aguarde até março para resolver a questão, na tentativa de ganhar tempo. "No Rio, temos de dar um tempo porque está muito claro que a divisão do PT e do PMDB deve prejudicar as duas candidaturas. É o que já está acontecendo nas pesquisas", disse Raupp. Além do Rio, os principais impasses para a formação de palanque único do PT com o PMDB estão concentrados em Minas Gerais, no Ceará e na Paraíba. "Temos de ver que o mais importante é a aliança nacional", insistiu Raupp. Da reunião com Lula e Dilma participaram os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ex-presidente do Senado José Sarney, o presidente do PT, Rui Falcão, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.