Acusado pela oposição de partidarizar investigações contra adversários políticos, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai comparecer nesta terça-feira, 03, voluntariamente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a fim de esclarecer seu envolvimento no episódio acerca das apurações conduzidas pela Polícia Federal a respeito de denúncias de corrupção de políticos e formação de cartel no transporte de trens de São Paulo.
Na semana passada, o líder tucano na Casa, Aloysio Nunes Ferreira, disse que havia "muita controvérsia" sobre quem repassou à PF um relatório, feito por um ex-executivo da Siemens e revelado pelo Estado, que informava a existência de um esquema de caixa 2 do PSDB e do DEM. O líder tucano seria um dos políticos citados no documento como supostamente próximos ao dono da empresa que teria pago propina a agentes públicos - o que ele nega.
Após muita divergência, Cardozo admitiu que havia remetido o documento para a Polícia Federal. Segundo Aloysio Nunes Ferreira teria havido acréscimos em versões do relatório que circularam com o objetivo de implicar políticos. "Queria saber quem enxertou, se existem averiguações do Ministério da Justiça sobre quem enxertou", questionou o tucano, ao defender a convocação do ministro na CCJ. Nessa hipótese, se fosse aprovado, pelo regimento, Cardozo seria obrigado a comparecer em 30 dias.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), sugeriu a conversão do requerimento de convocação para convite. Ele argumentou que Cardozo estava disposto a comparecer ao Parlamento. Os senadores concordaram com a mudança que, do ponto de vista regimental, não obriga o ministro a comparecer. O pedido seria votado nesta terça-feira, mas com a ida voluntária do ministro à CCJ ele perde o objeto.
Aloysio Nunes disse nesta quarta-feira ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que já tinha sido informado por integrantes da base do comparecimento do ministro à comissão. Questionado sobre qual será a estratégia que vai adotar, ele não quis adiantar. Disse apenas que estava trabalhando nela com assessores. "Quero que essas coisas sejam esclarecidas e que a investigação prossiga sem contaminação política"", ressaltou.