Jornal Estado de Minas

Ranking internacional sobre percepção da corrupção coloca Brasil na 72ª posição

No ano passado, o Brasil ocupava o 69º lugar no ranking internacional sobre percepção da corrupção

Daniel Camargos
O Brasil perdeu três posições entre os 177 países avaliados pelo Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional. O índice foi divulgado ontem e em uma escala que vai de zero a 100, sendo zero o mais corrupto e 100 o mais honesto, o país obteve 42 pontos, um a menos que o IPC de 2012, caindo do 69° para o 72° lugar. O relatório aponta que mais de dois terços dos 177 países teve pontuação abaixo de 50.
Dinamarca e Nova Zelândia, com 91 pontos cada um, são os países mais honestos, de acordo com o ranking. Na América Latina, o melhor foi o Uruguai. O Chile teve 72 pontos e Porto Rico, Costa Rica e Cuba também ficaram à frente do Brasil, que empatou com São Tomé e Príncipe, Bósnia-Herzegóvina, Sérvia e África do Sul. Para o presidente da Transparência Internacional, Huguette Labelle, os melhores desempenhos mostram que as ações de transparência reduzem a corrupção. A Argentina ocupou a posição 106, com 34 pontos. Somália, Afeganistão e Coreia do Norte, foram os piores, com apenas 8 pontos.

Entre as recomendações que a Transparência Internacional fez para o Brasil para ficar melhor no IPC está mais rigor no financiamento das campanhas eleitorais. Um passo importante, segundo o relatório, é que os doadores dos partidos políticos devem ser revelados no início do processo eleitoral e não somente após o pleito, como acontece atualmente. Outra recomendação é aumentar a transparência dos governos locais, como prefeituras, com a aplicação da atual Lei da Transparência.

“Embora a presidente Dilma Rousseff tenha adotado uma postura firme contra a corrupção no governo, os riscos perduraram”, sustenta o relatório, que informa ainda que de 2003 até o ano passado cerca de 4 mil funcionários públicos foram demitidos por corrupção ou desonestidade . Outro ponto é que a burocracia enfrentada pelas empresas – principalmente pelas agências reguladoras – pode aumentar a probalidade de funcionários públicos exigirem subornos.

Para Josmar Verillo, membro fundador da Amarribo (entidade que representa a Transparência Internacional no país), o Brasil precisa melhorar muito, pois está abaixo da média de todos os países avaliados, que é 43 pontos. Na análise dele, leis como a Ficha Limpa, a Lei de Acesso a Informação, da Improbidade Administrativa e da Anticorrupção Empresarial (que começa a vigorar em fevereiro) foram passos importantes, mas é preciso que sejam aplicadas com rigor.

“As leis não são aplicadas e o Judiciário está devendo um papel de maior proeminência”, avalia Verillo. Porém, ele acredita que o Brasil poderia ter ficado melhor no ranking caso as prisões dos 11 condenados de participarem do mensalão tivesse sido computadas. “Foi a primeira vez que poderosos foram para a cadeia”, afirma.

O ranking da Transparência Internacional é divulgado desde 1995 e se baseia em dados levantados por 13 instituições internacionais, entre elas o Banco Mundial, o Fórum Econômico Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento e consultorias como a ISH Global Insight, que estuda 203 países. São avaliados critérios como acesso a informação pública, regras de comportamentos de servidores, prestação de contas dos recursos e a eficácia de órgãos.

No mundo

A Espanha despencou 10 posições, ficando em 40º lugar, e está entre os países que mais perderam pontos, com Gâmbia, Mali, Guiné-Bissau e Líbia. O único país que caiu mais no ranking foi a Síria, mergulhada em uma guerra civil. A maior melhora no mundo foi de Mianmar, que saiu em 2011 de 49 anos de regime militar. O país asiático melhorou seis pontos e ganhou 15 posições, ficando na 157ª. Entre as grandes economias mundiais, os EUA ficaram em 19º lugar e a China em 80º – ambos repetindo a posição do ano passado. A Rússia melhorou ligeiramente e está em 127º lugar, depois de ficar em 133º no ano passado. O Japão caiu uma posição e ficou em 18º.