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Estado de Minas

Evolução patrimonial do ex-prefeito de Jaíba é alvo de investigação

Ao tentar reeleição, Sildete Araújo declarou bens que somavam R$ 5 milhões. Quando foi eleito pela primeira vez, não tinha patrimônio


postado em 04/12/2013 06:00 / atualizado em 04/12/2013 07:42

A grande evolução patrimonial do ex-prefeito de Jaíba Sildete Araújo - irmão de Silvano, cabeça das fraudes - terminou por despertar a atenção do Ministério Público e da Polícia Federal. Ao assumir a chefia do Executivo municipal em 2009, ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não possuir bens. Mas, em 2012, quando ainda tentava uma reeleição, ele se declarou um homem milionário, com patrimônio de R$ 5 milhões.

Como se tivesse gerindo não a coisa pública, mas um negócio de família ou uma ação entre amigos, Silvano também não se fez de rogado. Lançou mão dos recursos desviados para bancar sua campanha a uma vaga de deputado federal em 2010. Ele recebeu 29.215 votos e ficou na primeira suplência da coligação PTN/PRTB/PRP e PTdoB, que elegeu o deputado federal Luis Tibé. De acordo com o site do TSE, naquela eleição, Silvano declarou um patrimônio de R$ 606,8 mil e gastos na campanha de R$ 2 milhões.

Na partilha, os irmãos incluíram o então candidato a prefeito Jimmy Diogo Silva. Para evitar perder para um candidato que pudesse pôr fim aos desmandos, Sildete propôs acordo a Jimmy, que também já tinha administrado a cidade. Ele abriria mão de sua candidatura para apoiar o rival, desse que a torneira das fraudes fosse mantida aberta e matando a sede da família Araújo. E assim foi feito. Uma semana antes do pleito, Sildete renunciou à sua candidatura em favor de Jimmy, que saiu vitorioso.

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Tamanho eram os desmandos que, em ação de improbidade administrativa, a juíza Roberta Alcântara destacou o depoimento do vereador Fernando Luccas Fernandes, que colaborou para pôr fim à fraude: "Os relatos orientaram até que ponto podem chegar o prefeito Jimmy e Silvano, para se furtarem às investigações que pairam sobre seus atos. Aduz o depoente que, depois de instaurada a comissão processante, passou a ser assediado por integrantes do Poder Executivo para dar apoio ao prefeito Jimmy", destaca a juíza.

Na sentença, ela relatou ainda que Fernando se encontrou com Silvano, que o desafiou ao dizer que Jimmy não corria o risco de ser afastado do cargo pela CPI. Segundo a testemunha, o prefeito teria contratado excelentes advogados, entre eles, Adriana Belli, que teria um esquema para compra de decisões judiciais por até R$ 50 mil. "Os documentos de ff. 261/311 comprovam a contratação da advogada Adriana Belli de Souza (OAB/MG 54.000) pelo prefeito Jimmy Diogo Silva para impetração de mandado de segurança contra ato do presidente da Câmara Municipal de Jaíba e do presidente da comissão processante", disse a juíza na ação.

Ontem, o Estado de Minas ligou para o escritório da advogada, em Belo Horizonte. Ela não atendeu a ligação, sob a alegação de que "estava em reunião". Adriana também não atendeu o pedido de retorno da ligação até o fechamento desta edição. Do grupo investigado, apenas o empresário Leandro Cesário dos Santos, que teve a prisão decretada, está foragido. (MCP e LR)

Trecho de diálogo entre Silvano Araújo e um interlocutor interceptado pela Polícia Federal com autorização da Justiça

Silvano Araújo: "...eu já tô perdendo a salvação"

Interlocutor: "Tá doido, moço?"

Silvano: "Se eu for... se eu... igual... o cara falou ali comigo que eu vou ir preso. O que fez a denúncia lá. Se for verdade, tudo bem. Se não for, eu vou perder. Eu vou matar ele... qualquer um"


Interlocutor: "O negócio, o negócio seu... cê é um cara mais inteligente"

Silvano: "Eu falo com o povo, eu falo, eu falo com o promotor. Falo assim ó: "Se você tiver é ele". Se eu não matar o promotor, se ele não insistir, se ele tiver errado. Igual os Mânica (*). Mato igual a um passarinho. Cê traz o Comando Vermelho ali é por cinco mil reais de São Paulo, moço. Não é desses matadorzinhos daqui não"

(*) Referência aos irmãos Norberto e Antério Mânica, fazendeiro e político, respectivamente, em Paracatu, Noroeste de Minas, acusados de terem contratado pistoleiros para assassinar auditores fiscais do Ministério do Trabalho, que aplicaram aos dois pesadas multas trabalhistas.


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