Uma operação conjunta da Polícia Federal e Ministério Público para investigar fraudes em licitação para transporte escolar em Jaíba, Norte de Minas, descobriu a existência de uma partilha dos recursos públicos entre grupos políticos, em sucessivas administrações da cidade de 30,9 mil habitantes. Segundo a PF, o grupo criminoso tem entre seus integrantes o prefeito cassado Jimmy Diogo Silva (PCdoB), seu antecessor Sildete Rodrigues Araújo (PMN), além do vereador Adilson de Freitas (PRB), o Têla, presos ontem, durante a Operação Agosto.
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Evolução patrimonial do ex-prefeito de Jaíba é alvo de investigaçãoPolícia Federal desarticula quadrilha que fraudava licitações no Norte de MinasCidade do Norte de Minas tem a quinta troca de prefeitos Ex-prefeitos de Minas são condenados por omissão de dados sobre recursos Polícia Federal estima desvio de R$ 1,5 mi em JaíbaAdvogada aciona a Justiça contra juíza por citação em sentençaSegundo a Polícia Federal, outras quatro pessoas que colaboravam para o esquema de fraudes foram levadas para a delegacia de Montes Claros, também no Norte do estado, para prestar esclarecimentos. São eles: Anderson Pachedo, presidente da Comissão de Licitação da prefeitura; Nilton Nunes de Oliveira, secretário municipal de Administração; a empresária Beatriz Gonçalves de Araújo, além do vice-prefeito Enoch Vinicius Campos Lima (PDT). Desde que Jimmy deixou o cargo, Enoch assumiu o comando do município, mas foi afastado ontem por determinação da Justiça, por suspeita de envolvimento com o esquema criminoso. Sem prefeito ou vice, quem assume a prefeitura hoje é o presidente da Câmara Municipal, vereador Júnior Leonir Guimarães (PSDB).
Fatia
O esquema de desvio de recursos públicos montado pela organização veio à tona a partir de interceptações telefônicas que flagram, não só o plano de assassinar o promotor, como a tentativa de compra de votos de vereadores para evitar a cassação de Jimmy, alvo de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) instaurada pelo Legislativo municipal. Para tentar obter votos favoráveis, os valores oferecidos aos opositores chegariam a R$ 300 mil.
As investigações mostraram ainda que, para não haver problemas na distribuição dos recursos desviados dos cofres da prefeitura, os políticos fizeram uma distribuição de pastas que seriam controladas pelo então prefeito Jimmy e pelo seu colaborador Silvano. Com o objetivo de dificultar a identificação do “dono” da fatia, o administrador era identificado apenas com o número 12 e o grupo de Silvano como 33. A divisão funcionou perfeitamente durante distribuição das 22 rotas de transporte escolar. Foram convocados a participar somente os escolhidos de 12 e 33, em reunião na casa de Silvano, que, para evitar vazamento, recolheu os celulares de todos os possíveis beneficiários.