Jornal Estado de Minas

Anac abre processo para investigar drogas em helicóptero de deputado

Se for comprovada a irregularidade, a empresa pode ser multada em até R$ 10 mil

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
A aeronave foi interceptada durante uma operação da Polícia Federal - Foto: Carlos Bernardo Coutinho /A Gazeta
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu  processo administrativo para apurar o transporte de carga no helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG). De acordo com a assessoria de imprensa, não há prazo para divulgação do resultado. O helicóptero modelo Robinson 66 foi flagrado pela Polícia Federal no mês passado em uma fazenda no interior do Espírito Santo com um carregamento de 443 kg de cocaína. Segundo a Anac, a investigação, que foi aberta no mesmo dia em que houve o flagrante do transporte, vai apurar a prática ilegal de taxi-aéreo pela Limeira Agropecuária, empresa que têm como sócios o deputado e a irmã. Se for comprovada a irregularidade, a empresa pode ser multada em até R$ 10 mil.
Ainda conforme a Agência, o resultado da investigação pode ser encaminhado ao Ministério Público ou à Polícia Federal (PF). O advogado de Gustavo Perrella, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, disse que a aeronave não era usada para fazer taxi-aéreo, mas admitiu que, apesar de o helicóptero não estar disponibilizado para o mercado, ser uma prática corriqueira nas empresas realizar voos durante o ano para ajudar no custeio da manutenção. “É absolutamente comum entre as pessoas que têm empresas com aeronaves fazerem alguns fretes para ajudar nos custos”, disse. Ainda segundo Kakay, se a Anac considerar que a prática é ilegal, caberá a Gustavo pagar a multa. 

Apreensão

No mês passado, o helicóptero pertencente à Limeira Agropecuária – empresa de Gustavo Perrella -, foi flagrado pela polícia com uma carga de 443 kg de cocaína, quando aterrissou em uma fazenda no município de Afonso Claúdio, no interior do Espírito Santo. Devido à grande quantidade de droga apreendida, a PF foi acionada pela PM. Além da droga, foram recolhidos R$ 18 mil em dinheiro. O piloto Rogério Almeida Antunes, de 36 anos, que é natural de Campinas, São Paulo, o co-piloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, o comerciante Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37, foram presos.

Funcionário da Assembleia de Minas

O piloto Rogério Almeida Antunes, além de trabalhar com a aeronave de Gustavo, também era funcionário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ele foi exonerado na terça-feira. Além disso, revelações da imprensa mostraram que Perrella teve valores de aproximadamente R$ 14.000,00 - gastos com combustível da aeronave -, reembolsados pela Casa. Com isso, a Mesa Diretora do Legislativo estadual mineiro decidiu que os gastos dos parlamentares com custeio de aeronaves não serão mais restituídos. A Comissão de Ética também vai apurar o caso e a Procuradoria-Geral da Assembleia vai acompanhar o andamento das apurações feitas pela Polícia Federal (PF). 

Defesa

O senador Zezé Perrella (PDT), pai de Gustavo Perrella, em seu primeiro discurso após a divulgação do caso, acusou a imprensa de querer atingir sua família a qualquer custo no episódio e disse jamais ter passado "um período mais difícil" na sua vida. "Eu não preciso de política", afirmou ele, ex-presidente do Cruzeiro e que assumiu em definitivo o mandato após a morte, em meados de 2011, do senador Itamar Franco.

O senador mineiro afirmou que seu filho autorizou o piloto do helicóptero a fazer um frete, pelo qual receberia R$ 12 mil, de um voo que sairia de Minas Gerais para São Paulo. Contudo, Perrella disse que o piloto não comunicou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que o voo iria para o Espírito Santo. Foi lá que, segundo o pedetista, a Polícia Federal "capturou esses bandidos", que estavam sendo monitorados pelo órgão.