O PSDB retomou nesta quarta-feira, 4, a ofensiva contra o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por sua atuação no encaminhamento de denúncias de formação de cartel no metrô de São Paulo e do Distrito Federal. Em mais uma audiência pública sobre o caso, desta vez na Câmara dos Deputados, tucanos estiveram de novo frente a frente com o ministro e voltaram a acusá-lo de direcionamento político no episódio. Em suas respostas, o ministro manteve a linha adotada nos últimos dias: de que apenas cumpriu sua função de encaminhar para investigação as denúncias que recebe.
No entanto, o principal embate foi protagonizado pelo secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal (PSDB), que se licenciou do cargo por dois dias justamente retomar o posto de deputado federal e participar da audiência. Ele disse a Cardozo que ele tem agido de forma não democrática e declarou ter "nojo" da forma como a denúncia foi vazada. Pediu também que o ministro parasse de ameaçar processá-lo por injúria. Na semana passada, o ministro disse que abriria uma ação contra Aníbal. "Não fiz ameaças. O ministro que aceitar passivamente ser chamado de bandido, vigarista, não vale o cargo. Um ministro não pode ser chamado de quadrilheiro. Fiz não para ameaçar, tolher sua liberdade de expressão, fiz porque não posso permitir que o ministro da Justiça seja injuriado", declarou Cardozo.
Aníbal sugeriu também que houve facilitação no vazamento de informações para que elas coincidissem com a prisão dos dos condenados no julgamento do mensalão. "A Polícia Federal está analisando faz meses, e no quinto dia depois da prisão do mensalão, vaza para a imprensa." Cardozo rebateu sugerindo aos tucanos que peçam a quebra do sigilo da sinvestigações: "Não há outra alternativa. Assim, o teor dos depoimentos, das investigações, será colocado ao publico. Eu não posso eu requerer isso, mas vossas excelências podem. Eu me comprometo a vir aqui trazer os documentos (se o sigilo cair)", afirmou o ministro.
Na audiência, Cardozo e o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, admitiram não saberem do paradeiro de Henrique Pizzolato. O ex-diretor do Banco do Brasil é um dos 25 condenados no processo do mensalão, mas está foragido desde o dia 15 de novembro. "Não temos a confirmação de onde ele está", destacou Daiello. Ele afirmou que a PF tem pistas do paradeiro de Pizzolato, mas ainda não podem divulgar. Cardozo disse, ainda que ainda não se sabe como o ex-diretor do BB fugiu.