O PT vai fazer um ato de desagravo aos correligionários presos no processo do mensalão, José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, durante o 5º Congresso do partido que acontecerá na próxima semana, de 12 a 14 de dezembro, em Brasília. O tema faz parte de debates internos ao longo das últimas semanas e a Executiva do partido escolheu fazer um evento isolado para evitar que o tema dominasse a abertura do Congresso, constrangendo a presidente Dilma Rousseff, que estará presente. Na abertura, apenas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou aos correligionários que tratará do tema do mensalão.
A decisão de realizar a homenagem foi tomada após Dirceu, já preso na Papuda, em Brasília (DF), ter reclamado que o ex-presidente Lula ainda não tinha se manifestado sobre as prisões, como revelou o Estado. Lula, então, discutiu com a cúpula petista a fórmula mais adequada para a homenagem.
Participarão do Congresso 800 delegados de todo o País. Na abertura, será dada posse ao presidente da legenda, Rui Falcão, reeleito com ampla maioria no mês passado. A nova Executiva será formada, mas sua composição só deve ser acertada na véspera, no dia 11, quando o partido reunirá seu diretório nacional.
A reunião do partido quase foi cancelada devido à falta de conteúdo para os debates. Como, porém, o hotel em que será realizado o evento já estava reservado, inclusive com a hospedagem dos delegados paga, optou-se por manter o evento mesmo após a prisão da antiga cúpula do partido. Serão realizadas apenas duas mesas temáticas: Perspectivas do 5º Congresso; e Legado e Futuro do Projeto Democrático Popular.
No texto-base do documento que será discutido no Congresso do PT elaborado pelo assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia e pelo deputado Ricardo Berzoini (SP), o PT vai criticar o sistema político-eleitoral. Na avaliação da legenda, esse modelo "favorece a corrupção e corrói o conteúdo programático da ação governamental". "Desde 2003, sobretudo, temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema político brasileiro, verdadeira camisa de força que impede transformações mais profundas e impõe um 'presidencialismo de coalizão', que corrói o conteúdo programático da ação governamental", diz trecho.
O texto traz ainda críticas ao Judiciário definido como "lento, elitista, pouco transparente e permeado por interesses privados". Há ainda uma autocrítica sobre a "burocratização" do PT e a definição de um mote para a campanha de 2014 na defesa dos 11 anos de governo petista: "Nunca menos". A minuta elaborada até agora poderá ainda sofrer emendas e será votada somente no último dia do Congresso.