Morto em 6 de dezembro de 1976, o ex-presidente João Goulart foi enterrado pela segunda vez, agora com honras de chefe de Estado, nesta sexta-feira, em São Borja, na fronteira com a Argentina. As homenagens reuniram a família Goulart, políticos como o senador Pedro Simon (PMDB), o ex-deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB), a ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário (PT), o deputado federal Vieira da Cunha (PDT) e o governador em exercício Pedro Westphalen (PP), além de alguns amigos ainda vivos do ex-presidente, admiradores e militantes trabalhistas.
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Filho de Jango defende ideias do pai e diz que Brasil precisa avançarJango será enterrado nesta sexta-feira com honras de chefe de EstadoCongresso anula sessão que destituiu JangoRenan entrega diploma de restituição simbólica de mandato para filho de JangoMandato de Jango "é devolvido" quase 50 anos depois do golpe militarCongresso prepara sessão solene para devolver simbolicamente mandato de JangoO corpo chegou a São Borja por volta das 13 horas. Depois do desembarque, passou diante de 150 soldados do Exército, que dispararam três tiros de fuzil e executaram a marcha fúnebre. Na sequência, foi colocado sobre um caminhão do Corpo de Bombeiros e levado em cortejo guardado por cavaleiros da Brigada Militar até a igreja. No trajeto, diversas famílias ficaram diante de suas casas com bandeiras do Brasil. Por onde o caixão passou foi aplaudido e diversas vezes o ex-presidente foi homenageado com gritos "Jango, Jango, Jango".
O segundo enterro deu a Jango as honras que não teve no primeiro e complementou o ato de exumação dos restos mortais para investigação da causa da morte. O ex-presidente morreu em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina, durante o exílio. A causa oficial, parada cardíaca, foi contestada por um ex-agente da repressão uruguaia, que diz ter participado de uma operação de envenenamento de Goulart. O primeiro enterro ocorreu em clima tenso. Três mil pessoas desafiaram a ordem militar de um velório rápido e carregaram o caixão pelas ruas de São Borja.
Em 14 de novembro os restos mortais foram removidos e transportados para Brasília para coleta de amostras. Uma equipe de peritos internacionais vai usar o material para identificar a verdadeira causa da morte ou informar se isso se tornou missão impossível. O segundo enterro foi acompanhado por um público menor, próximo de mil pessoas, tanto porque, passados 37 anos, a comoção não é mais a mesma. Além disso, como lembrou um contemporâneo anônimo, grande parte da geração de Jango morreu e a muitos adultos de hoje não tiveram informações sobre o ex-presidente nas escolas do regime militar.