Leia Mais
Delegação russa chega ao Brasil para negociar caçasComissão de Relações Exteriores discutirá compra de caçasAposentadoria de caças gera suspense na Força Aérea Brasileira EUA continuam no lobby para vender caças ao BrasilBrigadeiro defende necessidade de compra de caçasBrasil deve escolher caças suecos para programa de defesaGoverno anuncia hoje decisão sobre compra de caçasGoverno federal só aplicou 51% do orçamento de 2013 para prevenção das chuvasPressão O relator-geral do Orçamento de 2014, Miguel Corrêa (PT-MG), admite que não existe qualquer previsão para a compra dos caças no próximo ano. Segundo ele, a aquisição não está prevista no texto porque "não é prioridade para o governo brasileiro neste momento". O deputado afirmou que a defesa é a área que mais sofre pressão por mais recursos. "Disparada, é a área em que mais houve pressão. Está longe do segundo lugar entre os pleitos mais solicitados", conta. Segundo Côrrea, todos os dias ele recebe até seis telefonemas de pessoas do setor que lhe pedem para incluir mais verba em projetos considerados estratégicos. "Já previmos investimentos para os programas Astros (produção de míssil e foguete guiado) e Guarani (projeto do Exército para aquisição de blindados). As emendas, principalmente de bancadas e de comissão, contemplaram bem a área da defesa", explicou Corrêa.
Para Gunter Grudzit, especialista em segurança internacional e professor de relações internacionais da Faculdade Rio Branco, a situação fiscal atual vivida pelo país prejudica a escolha brasileira. Porém, ele ressalta que se a presidente Dilma tomar a decisão nos dias de hoje, o pagamento só irá ocorrer futuramente. "Essa decisão já poderia ter sido tomada há mais tempo, quando a economia estava melhor. Não teria impacto negativo (como hoje)", diz. Grudzit acredita a que a presidente estava inclinada a fechar o negócio com a Boeing, dos americanos, mas depois de um questionamento judicial nos Estados Unidos contra uma vitória da Embraer em uma licitação de venda de caças leves e da revelação da espionagem de autoridades brasileiras o negócio ficou "impossível" de ser concluído agora.
Cronologia
» Anos 1990
A discussão em torno da compra de caças pelo Brasil começa ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. O projeto tinha o nome de F-X e previa a substituição da frota, considerada obsoleta.
» 2003
O então presidente Lula assume o governo e suspende o programa F-X.
» 2007
Governo lança novo projeto para a compra de caças, chamado de FX-2. A ideia era adquirir 36 aviões.
» 2008
Três fabricantes são finalistas do processo de escolha: Dassault, da França, com os caças Rafale F3; SaaB-BAE, da Suécia, com os Gripen NG; e Boeing, dos EUA, com os caças F18 Super Hornet.
» 2009
No desfile da Independência, o então presidente Lula anuncia, em comunicado produzido em conjunto com o então presidente da França, Nicolas Sarkozy, a abertura de negociação para a aquisição dos Rafale F3. A informação surpreende todos os participantes do processo porque significa o encerramento do programa FX-2. Depois do mal-estar, o governo foi obrigado a declarar que o procedimento ainda estava em andamento e com os outros países na disputa.
» 2013
A presidente Dilma Rousseff ainda não decidiu com quem o país irá fechar negócio.
Três países na disputa
Para conquistar os brasileiros, os americanos defendem que o Super Hornet é acessível, representa baixo risco e está em operação na Marinha dos Estados Unidos e na Real Força Aérea Australiana. De acordo com a Boeing, o Super Hornet acumula mais de 1 milhão de horas de voos, sendo que mais de 168 mil em combate. Os americanos argumentam ainda que se trata da maior empresa aeroespacial do mundo, com vasta rede de fornecedores e acesso aos mercados globais e de defesa dos Estados Unidos.
Já os suecos sustentam que o Gripen NG é um dos caças multiemprego mais avançados do mundo e que a versatilidade dele "é a chave para enfrentar e derrotar qualquer ameaça ao Brasil, presente ou futura". De acordo com o projeto específico para a defesa brasileira, as armas da aeronave são precisas e teleguiadas, podendo atacar e destruir alvos aéreos, marítimos e terrestres , 24 horas por dia, em qualquer condição meteorológica.
Na próxima quinta-feira, o presidente da França, François Hollande, vem ao Brasil pela primeira vez desde que tomou posse para participar de solenidades na área de educação. A França é, atualmente, um dos principais parceiros estratégicos do Brasil no setor de defesa e espera fechar a parceria com os seus jatos Rafale. A Índia, que intregra os Brics a exemplo do Brasil, concluiu uma concorrência no ano passado para aquisição de 126 caças para sua força aérea, vencida pelos franceses. A reportagem encaminhou perguntas ao Palácio do Planalto para saber se a compra será realizada no ano que vem, se o modelo dos caças já havia sido escolhido e por que, até hoje, o país não os adquiriu. Porém, até o fechamento desta edição o órgão não tinha se manifestado.