Leandro Kleber e Renata Mariz
Os seis ministérios que têm verba do programa – Integração Nacional, Cidades, Defesa, Ciência e Tecnologia, Minas e Energia e Meio Ambiente – tiveram R$ 5,2 bilhões este ano para desembolsar em ações de defesa civil, contenção de encostas, sistemas de drenagem urbana e manejo de águas pluviais e desassoreamento e recuperação de bacias. Porém, passados mais de 11 meses, as pastas, juntas, desembolsaram somente 51% do total do montante, o que equivale a R$ 2,7 bilhões.
Vários projetos previstos no orçamento deste ano nem sequer saíram do papel. É o caso da rubrica de “apoio ao planejamento e execução de obras de contenção de encostas em áreas urbanas (prevenção de riscos)”, com previsão de R$ 401,4 milhões. Nenhum centavo foi liberado até agora. Outra rubrica, a de “obras de macrodrenagem e controle de erosão marinha e fluvial”, também ficou sem ver a cor do dinheiro. Estavam estimados gastos de R$ 169,7 milhões entre janeiro e dezembro.
Em agosto de 2012, o governo federal lançou o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Alertas de Desastres Naturais, que previa, entre outras metas, a instalação de nove radares meteorológicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). O primeiro deles, porém, foi inaugurado somente no início deste mês, na Base Aérea de Natal. Os demais, já adquiridos pelo governo, devem ser instalados no próximo ano. Nos últimos cinco anos, 2.063 pessoas morreram no país vítima de enchentes e desmoronamentos. A maior parte delas, 1.023, na Região Serrana do Rio, palco da maior tragédia do tipo em 2011.
Governo
O Ministério da Integração Nacional, pasta que tem a maior parte da verba do programa de gestão de riscos e resposta a desastres, nega que tenha desembolsado menos da metade dos recursos previstos para este ano. De acordo com a assessoria de comunicação do órgão, de janeiro até agora foram aplicados 65% do total estimado. A pasta ressalta que os responsáveis pelas execuções são os estados e municípios. “Para eles (entes federativos), o ministério presta assistência para que o acesso ao recurso ocorra o mais rápido e da forma mais transparente possível”, explica a assessoria.
A Integração afirma ainda que, desde o ano passado, com a união de dois programas que antes eram separados, o de prevenção a desastres e o de resposta às catástrofes, têm sido mais ágeis as providências tomadas frente a situações de emergência provocadas por chuvas e temporais. “O Brasil começou a vencer o desafio de se organizar para enfrentar os desastres naturais e consolidar um sistema nacional de gestão de riscos e respostas”, diz a assessoria.