Em um discurso falado em português, com tradução para o inglês, a presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que o líder sul-africano Nelson Mandela soube fazer da "busca da verdade" e do "perdão" os pilares da reconciliação na África do Sul. Ao encerrar o discurso, Dilma cometeu uma gafe ao transmitir a "todos os sul-americanos" o "nosso profundo sentimento de dor e pesar", mas corrigiu-se logo depois.
"Madiba constitui exemplo e referência para todos nós. Pela histórica paciência no cárcere, pela lúcida firmeza, pelo compromisso com a justiça e com a paz. Ele soube fazer da busca da verdade e do perdão os pilares da reconciliação nacional e da construção da nova África do Sul", discursou Dilma. "O povo sul-africano transformou-se em paradigma não só para este continente, para todos os povos". Madiba é um termo utilizado pelos sul-africanos quando se referem a Nelson Mandela.
"A sua luta (de Mandela) transcendeu suas fronteiras nacionais e inspirou homens e mulheres, jovens e adultos, a lutar. Deixou lições não só para o seu querido continente africano, mas a todos aqueles que buscam a liberdade, a justiça e a paz no mundo", afirmou Dilma, emocionada. "Da mesma forma que os sul-africanos choram os seus prantos, nós, nação brasileira, que trazemos com orgulho o sangue africano em nossas veias, choramos e celebramos o exemplo desse grande líder."
Perto de encerrar a fala, Dilma cometeu uma gafe ao confundir sul-africanos com sul-americanos na hora de transmitir "a dor e o pesar" do povo brasileiro com a morte de Mandela. "O governo e o povo brasileiro se inclinam diante da memória de Nelson Mandela e transmite aos seus familiares, ao presidente (Jacob) Zuma e a todos os sul-americanos... sul-africanos, o nosso profundo sentimento de dor e de pesar", disse, corrigindo-se logo depois.
Antes de Dilma, Obama fez um discurso que emocionou o público e afirmou que Mandela foi um exemplo não só do "poder da ação", mas também do "poder das ideias".
A cerimônia ocorre no Soccer City, palco da abertura e da final da Copa do Mundo de 2010 e também da última aparição pública de Mandela. As fortes chuvas que caíram sobre Johannesburgo na manhã desta terça-feira frustraram as autoridades locais e afastaram o público do estádio, que só tem cerca de 60% das arquibancadas ocupadas.
Segundo o governo sul-africano, aproximadamente 90 chefes de Estado prestigiam a solenidade. Seis deles foram convidados para discursar na cerimônia, entre eles a presidente brasileira, que falou logo após o colega norte-americano Barack Obama. (Com Agência Estado)