Brasília – Depois de mais uma sessão tumultuada, o senador Paulo Paim (PT-RS) conseguiu ler, na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, o relatório sobre o projeto que define e pune os crimes de ódio e intolerância resultantes de sexo, orientação sexual e identidade de gênero (PLS 122/2006).
Para facilitar o entendimento, Paim fez seis mudança na proposta, que já passou pela Câmara dos Deputados e pela Comissão de assuntos Sociais do Senado. A principal alteração é no artigo que torna crime “impedir ou restringir a manifestação de afetividade de qualquer pessoa em local público ou privado aberto ao público”, e inclui ressalva para que seja “resguardado o respeito devido aos espaços e eventos religiosos”. Inicialmente, a ressalva dizia respeito apenas aos templos e demais sedes de entidades religiosas.
Paim também retirou do relatório mudanças no Artigo 140 do Código Penal, sobre crimes de injúria. O texto anterior previa detenção, de um a seis meses, ou multa para injúria em razão de sexo, orientação sexual, identidade de gênero.
A votação foi acompanhada por ativistas, representantes de entidades de defesa dos direitos dos homossexuais e de várias igrejas, que lotaram a sala da comissão. “Acho que estamos avançando no enfrentamento da violência homofóbica. No ano passado, tivemos 310 LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) assassinados no país. É preciso que o Legislativo se sensibilize com a questão e nos ajude a enfrentar essa violência”, disse o coordenador-geral de Promoção dos Direitos de LGBTs, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Gustavo Bernardes.
Apesar de o relatório ter sido lido, por causa de um pedido coletivo de mais tempo para analisar a proposta, a votação do texto deve ficar para a próxima reunião da CDH,quarta-feira que vem (18). Enquanto isso, parlamentares da bancada evangélica tentarão votar, ainda hoje no plenário do Senado, requerimento para que o assunto deixe de ser tratado em um projeto específico para ser anexado à proposta de reforma do Código Penal.
“Essa não luta não é uma luta de católicos e evangélicos contra homossexuais, muito pelo contrário, são pessoas que acreditam em valores de família. As pesquisas apontam a reação da sociedade civil, quem não quer é a sociedade civil”, disse o senador Magno Malta (PR-ES), que também disse que considera ruim o relatório apresentado hoje.