Candidatos a vereador, deputado federal e deputado estadual que, se eleitos, seriam os responsáveis por votar e fiscalizar as contas públicas do estado e dos municípios mineiros parecem não ter muita preocupação com as próprias finanças. Cerca de um terço deles tiveram as contas reprovadas ou nem se deram ao trabalho de apresentá-las à Justiça, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais sobre as duas últimas eleições. Apenas 41% dos que concorreram tiveram as contas de campanha totalmente aprovadas. Outro grupo conseguiu ter o orçamento avalizado, porém com ressalvas.
Dos 1.780 balanços de candidatos julgados em Minas Gerais em 2010, quando a campanha foi por vagas na Câmara dos Deputados, Assembleia, Senado e governo estadual, 731 (41%) foram aprovados e outros 506 aceitos com ressalvas. Os juízes eleitorais reprovaram 185 contas e 358 não foram prestadas, somando 543. Em sua maioria, os orçamentos não foram aprovados por problemas como a falta de uma conta bancária específica de campanha, de documentos fiscais ou de emissão de recibos eleitorais e omissão de receitas e despesas.
Na eleição municipal de 2012, quando a disputa foi pelas prefeituras e câmaras municipais, segundo a Justiça Eleitoral mineira, foram aprovadas 673 contas, o que representa 48,6% de um total de 1.383 candidatos que deveriam apresentar os dados. Para 351 deles, o TRE julgou aprovação com ressalva. Entre os que nem sequer apresentaram as contas e os que foram reprovados, o TRE considerou 359 candidatos.
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O levantamento do TRE mostra que esses candidatos realmente não estão preocupados. Entre os que tiveram as contas desaprovadas em 2010, apenas 22 entraram com recursos para tentar alterar a situação. Já em relação aos balanços de 2012, apenas 18 recorreram.