Declaração do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) na rede social Facebook indica que o tucano desistiu de concorrer à Presidência da República em 2014. No comunicado, Serra demonstra ter cedido a pressões de companheiros de partido para que se retirasse da disputa, deixando o caminho livre para o senador Aécio Neves (PSDB). No texto, o tucano de São Paulo diz: “Para esclarecer a amigos que têm me perguntado: como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora. Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente”.
Serra almejava sair candidato novamente – já havia tentado se eleger presidente em 2010, quando foi derrotado pela presidente Dilma Rousseff (PT), e em 2002, quando foi vencido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da preferência do PSDB pelo nome de Aécio em 2014, o ex-governador considerou até deixar o partido que ajudou a fundar, para tentar disputar a Presidência em outra legenda. Decidiu permanecer no PSDB após várias conversas com Aécio, que é o presidente da sigla. Na época, ficou acertado que a definição da candidatura se daria até março de 2014, preferencialmente de forma consensual.
Antes do comunicado, em encontro com empresários no Rio Grande do Sul, Serra voltou a criticar os governos do PT. O ex-governador de São Paulo previu o fim do que chamou de "ciclo lulista de desenvolvimento", durante palestra para posse de Carlos Heinen como presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (RS). Segundo o tucano, o modelo de crescimento puxado mais pelo consumo do que pelo investimento tem bases frágeis e pode levar o país a um ano tenso em 2014, com inflação e pressão no câmbio. O ex-governador evitou falar sobre a eleição presidencial de 2014 durante o evento.
PSDB mostra as suas armas
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves (MG) lança nesta terça-feira, em ato no Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, o seu decálogo com críticas à administração petista ao longo dos últimos anos. Um dos principais coordenadores da futura campanha tucana, o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) afirma que não se trata de um programa de governo. "É um balizamento ideológico para o momento em que estamos vivendo."
O documento será estruturado em cinco eixos principais: área econômica, internacional, políticas sociais, reforma do Estado e democracia. "Daqui até a eleição muita coisa vai acontecer. A campanha só vai começar no meio do ano que vem", lembrou Pestana.
Os pontos que serão apresentados hoje têm permeado as intervenções de Aécio nos últimos meses. O tucano vai falar, por exemplo, que o governo tem gerado insegurança na economia ao abrir mão da estabilidade e responsabilidade fiscal. Ontem, ele esteve, pela terceira vez em menos de um mês, reunido com representantes do setor produtivo para reforçar que foi o PSDB o responsável pela estabilidade econômica e controle da inflação.
No campo de políticas sociais, o próprio Aécio reconhece os avanços da gestão petista. Mas o PSDB afirma que a gênese dos programas sociais está no governo de Fernando Henrique Cardoso. Na semana passada a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou projeto de Aécio incorporando o Bolsa-Família à Lei Orgânica de Assistência Social.
O PSDB vai insistir também na questão da democracia. Os tucanos vão reforçar que o partido de Dilma e do ex-presidente Lula, quando confrontado, prega o desrespeito às instituições. No caso, o exemplo que será dado são as críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) referentes ao processo do mensalão. Por fim, virá a reforma do Estado. "Aécio tem o que mostrar nessa área, ao implantar o choque de gestão no governo de Minas. O PT inchou o Estado brasileiro, aparelhou as agências reguladoras e extinguiu a meritocracia no serviço público federal", atacou Pestana.