O lançamento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional, que levaria os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) aos 550 mil detentos brasileiros, estava previsto para 28 de novembro, mas acabou adiado para evitar constrangimento ao governo federal. A saia justa tem nome e sobrenome: José Genoino. Uma semana antes da data marcada para a solenidade, o ex-deputado petista, um dos condenados no processo do mensalão, deixou o Complexo Penitenciário da Papuda em 21 de novembro para ser atendido num hospital particular de Brasília. O assunto ganhou o noticiário e as redes sociais por vários dias. Muitas pessoas questionaram o motivo de o político não ter sido atendido pelo SUS. Fontes próximas ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmam que o adiamento ocorreu exclusivamente por causa da polêmica envolvendo o petista.
Interlocutores da pasta ouvidos pelo Correio asseguraram que o governo avaliou que, se implantasse o programa em meio ao bombardeio provocado pelo Caso Genoino, seria mal interpretado e “pegaria muito mal”. A decisão do governo provocou mal-estar na coordenação de Saúde do Sistema Prisional, órgão responsável pela formulação e implementação da política. No fim de novembro, o governo federal não deu nenhuma explicação sobre o não lançamento na data prevista.
As novas diretrizes, que atualizam o obsoleto Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, lançado há 10 anos, seriam divulgadas durante o II Encontro Nacional de Gestores de Saúde no Sistema Prisional, que ocorreu em Brasília. A agência de notícias do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) chegou a encaminhar release convidando para o lançamento.