Jornal Estado de Minas

Parlamentares adicionaram R$ 100 milhões ao fundo que financia partidos políticos

É o maior verba prevista para o fundo partidário desde que ele foi criado para financiar as legendas

Leandro kleber Adriana Caitano
As eleições de 2014 pesaram na definição do Orçamento da União, aprovado na madrugada de ontem. Além de recursos ampliados para a área social, os partidos políticos poderão abocanhar R$ 364 milhões do Fundo Partidário. O total inclui os R$ 100 milhões que deputados e senadores adicionaram ao valor encaminhado pela Justiça Eleitoral na peça orçamentária, como o Estado de Minas antecipou em outubro. É a maior verba prevista para o fundo desde que ele foi criado para financiar as legendas.
Além de garantir verba para a campanha do ano que vem, o Planalto teve que prometer não vetar o Orçamento Impositivo e ainda liberar mais R$ 2 milhões em emendas de líderes e integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Nessa quarta-feira, alguns deputados e senadores demonstraram irritação com a notícia. “Ficou parecendo que nós estamos pedindo esmola ao governo”, incomodou-se um peemedebista que não entrou na lista dos beneficiados.

O valor total do Orçamento da União para 2014 ficou em quase R$ 2,5 trilhões, dos quais R$ 654,7 bilhões referem-se apenas ao refinanciamento da dívida pública. O Congresso ampliou a previsão de receitas em R$ 12,1 bilhões. De acordo com o relator do Orçamento, deputado Miguel Corrêa (PT-MG), o aumento se deu com base na revisão de parâmetros econômicos (veja quadro). “Cabe ressaltar que esta foi a menor revisão de receitas dos últimos”, disse.

Principal bandeira do governo, ao lado das ações sociais, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ficou menor para o ano eleitoral, com R$ 62 bilhões, e a área econômica terá que fazer ajustes para recompor no Orçamento da União o valor original, de R$ 63,2 bilhões. O PAC perdeu recursos, direcionados para outras obras escolhidas pelos parlamentares, mesmo com o fato de o Orçamento de 2014 ter sido inflado pelo Congresso em 21,2 bilhões.

Outro ponto polêmico do Orçamento de 2014 refere-se às regras que permitem um superávit primário (economia de recursos para pagamento de juros) cada vez menor, o que significa que o governo está autorizado a gastar mais no ano eleitoral, fazendo um esforço fiscal menor. A proposta prevê um superávit primário do governo central de R$ 116,1 bilhões, ou 2,1% do PIB, mas contabiliza o abatimento de R$ 58 bilhões de recursos do PAC e de desonerações, o que reduz a meta a R$ 58,07 bilhões, ou apenas 1,1% do PIB.