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Militante mineiro foi torturado e executado pela ditaduraComissões apuram o papel das igrejas durante a DitaduraPrefeitura de SP busca dados de vítimas da ditaduraMPF recebe 614 ossadas de possíveis desaparecidos políticos da ditaduraMatéria publicada com exclusividade pelo Estado de Minas em 3 de novembro denunciou o desaparecimento de ossadas encontradas no Forte do Castelo, em Belém, que teriam sido levadas em operação organizada pelos agentes Magno José Borges e Armando Souza Dias, da Abin do Pará, que durante a ditadura militar pertenceram ao Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOi-Codi) e estiveram no Araguaia. Além do relato de Fonteles, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém à época, Moacir Martis, e um ex-agente da Abin atestaram a existência das ossadas. Depoimento do ex-militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e sargento do Exército Amado Tupiassu e outras evidências levam a crer que as ossadas eram de guerrilheiros do Araguaia.
Ao deixar o aeroporto na terça-feira, Paulo Fonteles notou que estava sendo perseguido e enviou uma foto de celular para o telefone do senador Capiberibe, que se pronunciou no plenário: “Eu acho isso um absurdo e um abuso. Uma pessoa é convocada pelo Senado e em seguida essa pessoa é ameaçada”. A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos, defendeu a convocação de diretores da Abin para esclarecimentos. O presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), lamentou o fato e informou que apoia a convocação de representantes da agência e aguarda o recebimento do pedido.
Segundo denúncia de Fonteles, uma rede de inteligência da agência atua fortemente abafando informações de violações de direitos humanos e na intimidação de militantes desde a ditadura. Dois processos de investigação estão abertos pela Polícia Federal para investigar se isso de fato acontece, um em Marabá e outro em Belém.
Um ex-cabo do Exército procurou Paulo Fonteles na segunda-feira e relatou que em 1992 foram encontradas entre cinco e sete ossadas no forte durante uma escavação no banheiro, exatamente ao lado do prédio onde hoje funciona a Casa das Onze Janelas. Todas elas tinham perfuração no crânio. O oficial superior, quando ficou sabendo, teria mandado que o buraco fosse tampado para que ninguém mais ficasse sabendo.
Logo após a matéria publicada no Estado de Minas, Fonteles recebeu uma mensagem anônima numa rede social, apontando uma área na Região Metropolitana de Belém onde estariam enterrados o famoso guerrilheiro do Araguaia Oswaldão e o dirigente do PCdoB, Maurício Grabois. “Fiz contato com um ex-soldado que serviu no local e atuou no Araguaia e descobrimos que a área realmente pertenceu ao Exército”, contou ele.