No dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou em recesso, que só termina em fevereiro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendou que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) seja preso em instalação penitenciária. Em parecer encaminhado ontem ao presidente da Corte, Joaquim Barbosa, Janot manifesta-se contra o pedido de prisão domiciliar do delator do mensalão, sob o argumento de que a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro indicou que na cadeia o petebista “pode ser acompanhado por clínico e ter consultas periódicas em médico oncologista do sistema público”.
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Jefferson deve ser recolhido a um presídio, opina JanotDefesa diz que presídio deve garantir recomendações médicas sobre dieta de JeffersonPara a Justiça, presídios podem receber JeffersonJoaquim Barbosa determina prisão de Roberto JeffersonSecretário recomenda que Jefferson fique preso em casaBarbosa autorizou ontem a transferência do executivo Vinícius Samarane para o município de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na quarta-feira, ele já havia determinado que José Roberto Salgado e Romeu Queiroz fossem trazidos para Minas Gerais. O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) transportará três presos entre hoje e segunda-feira. A operação será realizada por agentes penitenciários federais, que farão a escolta dos detentos da Papuda até a chegada a Belo Horizonte.
O presidente do STF comentou ontem que as primeiras prisões de políticos desde a promulgação da Constituição de 1988 representam o rompimento de uma tradição na qual autoridades não eram condenadas no Brasil. “Eu acho que, em democracia, não diria que é um fato banal, mas desde que demonstrada a violação de normas penais, não há por que criar exceções para A, B ou C em função dos cargos que exercem. Essa é a novidade deste ano, o rompimento de uma tradição longa”, afirmou.
O primeiro deputado federal preso por decisão da Suprema Corte, em junho de 2013, foi Natan Donadon (sem partido-RO). Depois dele, foram detidos José Genoino, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry, que renunciaram aos seus mandatos. O Supremo determinou também a prisão de outros políticos como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e os ex-deputados Bispo Rodrigues, Pedro Corrêa e Romeu Queiroz.
Barril de pólvora
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criticou o que chamou de falta de interesse do Poder Executivo em relação a melhorias do sistema prisional do país. O ministro alertou para a “gravidade” da situação carcerária do Maranhão. Na terça-feira, quatro detentos foram mortos, sendo três decapitados, após confrontos entre integrantes de uma facção criminosa no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Ontem, mais um detento foi assassinado, em nova briga no presídio.
As mortes geraram reação imediata dos conselhos nacionais de Justiça (CNJ) e do Ministério Público (CNMP). As entidades enviaram representantes ao Maranhão para realizar, a partir de hoje, uma inspeção no presídio, onde só em 2013 mais de 50 presos morreram. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fixou prazo de três dias para que a governadora Roseana Sarney (PMDB) preste informações atualizadas sobre a situação prisional do estado. Ele avalia apresentar ao STF um pedido de intervenção federal no Maranhão. (DA e RM)