Brasília – Os presos beneficiados pelo “saidão” de Natal, que cumprem pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, reclamaram que, diferentemente dos demais detentos, os condenados do mensalão recebem visitas na área administrativa da cadeia e “são bem tratadinhos”. O primeiro ônibus com os beneficiados saiu às 9h22 de ontem do presídio com destino à Rodoviária do Plano Piloto. O clima era de euforia no veículo lotado. Uma das primeiras palavras gritadas por um dos detentos foi “feliz Natal” e “o mensalão tá aí”.
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Ele preferiu não comentar sobre os crimes que teria cometido. Disse apenas que cumpre pena de três anos e três meses. “Agora só falta um ano”, comemorou, ao ver o filho que o aguardava de carro do lado de fora do complexo. Segundo o detento, a maioria dos presos de sua ala trabalha durante o dia e, por isso, eles têm pouco contato com os condenados do mensalão.
Nada de ceia Algumas pessoas que estiveram na porta da Papuda para receber os parentes se decepcionaram ao ver que eles não estavam na primeira leva de presos. Mães choraram achando que os filhos não viriam mais. Porém, outros ônibus saíram da penitenciária. No total, segundo a Secretaria de Segurança Pública, 1.328 presos foram beneficiados no saidão, incluindo 200 mulheres, que deixaram a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, no Gama, conhecida como Colmeia. “Estou muito feliz com a saída do meu irmão. É o primeiro saidão dele em quatro anos de prisão. Vamos passar o Natal com a família”, contou uma irmã que preferiu não se identificar.
O primeiro ônibus com 40 presos, todos de branco, chegou à Rodoviária do Plano Piloto às 9h50. Assim que o veículo parou, os detentos comemoraram. Muitos gritaram ao descer do coletivo. O ônibus chegou escoltado por duas patrulhas da Polícia Civil. Um grupo de policiais militares acompanhou a dispersão a distância.
O detento Jorge Muniz, de 33, disse que observa com frequência condenados do mensalão que estão no semiaberto. “Eu vejo sempre eles de longe. Não tenho muito contato. Não sei se eles estão tendo privilégios”, afirmou. Jorge cumpre pena por assalto e vai passar o Natal com a família em Samambaia. “O clima lá dentro está normal como sempre”. A Secretaria de Segurança Pública informou que os presos não terão direito à ceia de Natal. O cardápio é o de sempre: arroz, feijão, salada, carne e um suco.