Em carta endereçada aos amigos e petistas que enviaram mensagens de apoio neste fim de ano, o ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda desde 15 de novembro, ataca a imprensa e se diz vítima de uma campanha para impedi-lo de trabalhar fora da prisão. O petista também nega receber tratamento privilegiado no presídio do Distrito Federal.
A primeira tentativa de Dirceu de conseguir um emprego foi de gerente administrativo do hotel St. Peter, em Brasília, com salário de R$ 20 mil, enquanto a gerente-geral recebia conforme registrado em carteira R$ 1.800,00. Dirceu desistiu da oferta de trabalho após o Jornal Nacional revelar que a empresa sócia majoritária do hotel foi constituída no Panamá, conhecido paraíso fiscal. O jornal O Estado de S.Paulo revelou, após isso, que Dirceu abriu uma filial de sua consultoria no Panamá no mesmo endereço da Truston International, sócia do hotel. Embora tenha registrado a existência da filial e indicado seu endereço aos órgãos brasileiros, o ex-ministro nega, por meio de sua assessoria, que tenha formalizado a abertura no paraíso fiscal.
As mensagens de solidariedade vêm sendo entregues pelos advogados do ex-ministro-chefe da Casa Civil. O PT também criou um tumblr, o Mil Cartas para os Companheiros, para que a militância manifeste sua solidariedade aos "presos políticos do PT".
No texto escrito nesta quarta-feira, 25, e divulgado nesta quinta-feira, 26, em sua página no Facebook, Dirceu fala de sua rotina de leitura e estudos para a "luta" ao qual se "prepara". "É importante a denúncia da prisão arbitrária e a demanda para o cumprimento da lei, do regime semiaberto", afirma. Ele foi condenado no processo do mensalão a 10 anos e 10 meses de prisão no regime fechado, mas cumpre pena em regime semiaberto.
Além de agradecer a solidariedade dos amigos, Dirceu publicou hoje um cartão de fim de ano onde diz que "ninguém pode prender meus sonhos".