A carta enviada pela presidente Dilma Rousseff (PT) a todos os servidores federais com mensagem de fim de ano pode se transformar em dor de cabeça para a candidata à reeleição, já que o PSDB acionará a Justiça Eleitoral e a Procuradoria-Geral da República em razão da iniciativa. Por meio de nota, o líder do partido na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (PSDB), disse ontem que “nenhum outro candidato” à Presidência tem acesso aos endereços dos funcionários públicos e que, por isso, a iniciativa se caracteriza como “abuso de poder”. O presidente estadual do partido em Minas, deputado federal Marcus Pestana, engrossou o coro dos descontentes. “A presidente Dilma age como se ainda não estivéssemos no século 21 quando adota práticas eleitorais da República Velha”, destacou.
Afronta
Para o líder dos tucanos, ao tomar a iniciativa a presidente afrontou as leis. “Essa ação ilegal configurou, na realidade, promoção pessoal visando a angariar votos para sua candidatura em 2014. E tudo isso foi feito, ao que tudo indica, com dinheiro público", afirmou na nota. O tucano mineiro defendeu que o PSDB estude com seu departamento jurídico todas as medidas possíveis para conter o abuso. “O governo Dilma perdeu toda a dimensão do caráter democrático e republicano do cargo e faz uso da máquina em favor de sua candidatura”, diz. E Pestana ainda ironizou, parafraseando expressão cunhada pelo ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva: “Nunca na história deste país se usou e abusou do espaço público, em proveito próprio”.
Há dois meses, o PSDB mineiro prometeu encaminhar ao Ministério Público um pedido de apuração de improbidade administrativa da presidente. O partido acusou a petista de mentir em propaganda em jornais e emissoras de rádio e TV de Minas sobre obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade. De acordo com Pestana, ela mentiu ao dizer que os investimentos eram do governo federal. “Empréstimo não é investimento”, afirma o tucano. O parlamentar ressaltou que as obras são "fruto de investimentos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e do governo de Minas, e empréstimos tomados nos bancos federais". “São operações de crédito, endividamento. Vai ter de pagar com juros e correção lá na frente. Não são investimentos do governo federal. E o governo federal fala que está realizando", reclama.